quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mudança de planos...

Como a vida prega peças...

Como compartilhei com alguns amigos e companheiros de montanha, recentemente e, inesperadamente, fui promovido no trabalho.
Passei a ser supervisor do meu departamento na multinacional em que trabalho. Felizmente, para meu futuro profissional, isto é muito bom pois acumulei em apenas 11 meses de empresa duas promoções.
Infelizmente, para meu futuro pessoal, isto não foi muito promissor. A promoção significou mais responsabilidades e portanto impossibilidade de viagem para 16 de janeiro de 2009, como programado (com passagens compradas à vista!), para a Patagônia Argentina e Chilena, além de uma nova passada no deserto de Atacama com intenções de atingir o cume do Licancabur.

A ironia é terrível...Acontece que pelo lado pessoal fiquei triste, pois a viagem que planejei por 18 meses com minha namorada não poderemos fazer juntos, pois as férias dela já estão marcadas e definidas. A minha se tornou incerta, será adiada por mais algum tempo. Assim sendo, decidi não ir a Patagônia e adiar as escaladas que programei (Lanin, Nevado de Acay, Licancabur e VillaRica), para quando ela puder ir comigo.

Eu disse ironia certo? Pois é, aí é que entra a ironia. Para meu lado de montanhista isto foi até uma boa notícia.
Minha namorada está planejando uma possível viagem para outros lados, e eu irei sozinho na próxima investida latina.
Diante disso, terei 30 dias sozinho para investir 100% em montanha. Significa dizer que posso simplesmente ir direto para a Bolívia e subir picos mais tradicionais como Huyana Potosi (6.088 msnm), Chacaltaya (5.421 msnm) além de outras tantas...Dentre elas não abro mão do Licancabur (5.916 msnm), e tento logo em seguida o Tunupa (5.300 msnm). Tenho outras ambições também, farei o que der tempo e o que meu corpo aguentar.

Conto com o meu "bolsotrocínio" para tanto. De fato, a Bolívia é um país de belíssimas paisagens naturais, dezenas e dezenas de montanhas lindas (eu acho toda montanha linda), sem falar no fato de que é um país que me despertou paixão desde a primeira vez que lá pisei. O melhor de tudo isso é que, viajar e subir montanha na Bolívia sem dúvida é mais barato do que na Argentina e no Chile!

Então, é isso aí. Nesse meio tempo, continuo com minha investida aos dez picos brasileiros.

Na realidade costumo dizer que "são dez picos que são sete", pois raramente alguém consegue subir o Pico da Neblina, o 31 de março e o Monte Roraima, por causa da distância...Acabam sendo postergados...(sem falar nos casos de sequestro que acontecem de vez em quando no Pico da Neblina, Índios que sequestram montanhistas)

O futuro do Parofes na montanha? Nem ele sabe...

Abraços galera!
Bons ventos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Nos Andes Brasileiros?

Essa foi minha segunda visita ao Itatiaia, e cada vez que piso lá me surpreendo mais! Dessa vez não fui sozinho, tinha como companheiro Edson Vandeira que conheci pelo orkut. Foi a primeira vez que o vi pessoalmente.

Deixamos a Tietê às 23:30h de sexta-feira dia 14 de novembro rumo a Itanhandú, onde chegamos por volta de 04:00h. De lá vinte pratas em um táxi com um outro cara bêbado feito um gambá (bastante divertido pela noitada destilada) e ficamos na pracinha de Itamonte. Lá a opção foi óbvia, bivaque. Dormimos na praça mesmo de 04:45h até 05:45h. Acordei, recolhi o isolante e seguimos pro restaurante/ hotel do Nelson que possui o contato do Toninho Baiano. Ele chegou com a mesma prestatividade que me levou da outra vez, e subimos rumo ao Itatiaia a um custo de setenta reais.

Na entrada do Alsene descemos e continuamos a pé. Nos registramos e entramos no Parque exatamente às 08:00h, após bater um papo com um grupo de escoteiros e seus chefes que seguiriam para o Agulhas Negras (grupo de 13 ou 14 pessoas). Já na estrada tiramos várias fotos do “sapo flamenguinho”, animal típico do parque e que está em época de reprodução.

Sem muitos atrasos, seguimos trilha adentro. Como na sexta-feira a chuva fez seu papel a trilha estava muito encharcada. Muito mesmo, vários córregos se formaram pelas trilhas pra escoar a água para fora das montanhas. Imagino que a chuva deve ter sido forte!

Decidimos por começar nossas conquistas pela Pedra do Altar, que parecia ser a trilha mais longa, e para isso deveríamos estar de volta na portaria do parque às 13:00h pois a intenção era subir o Couto no mesmo dia! Montanha acima. Após a ponte pegamos a bifurcação para a esquerda conforme vários relatos e o próprio croqui do parque indica. Até certo ponto foi tranqüilo mas depois a trilha simplesmente desapareceu. Perdemos um bom tempo tentando encontrar a trilha e depois de uma certa frustração, decidimos atravessar um descampado após uma elevação de cerca de 2.500 metros pra chegar na base da montanha.

Não foi muito fácil...Muitas pedras grandes, vários charcos, formigueiros, alguns escorregões...Decidimos deixar as mochilas em uma pedra bem visível para fazer o cume da Pedra de ataque. Mais uns 25 ou 30 minutos e atingimos o cume da Pedra. Que visão privilegiada do Agulhas Negras! A 2.665 msnm no cume do 11° pico brasileiro, admiramos todos os ângulos possíveis...Conseguimos ver até a Pedra da Tartaruga! Tiramos algumas fotos mas sem muito proveito pois já era 10:50h e precisávamos estar na portaria em 2h e 10min. O tempo ficou apertado levando em consideração que por não encontrar a trilha correta levamos praticamente três horas completas pra atingir o cume. Começamos a desescalaminhada.

Logo no início da descida, por causa de um pouco de umidade na rocha escorreguei...Não foi grave mas suficiente pra cortar meu dedo e palma da mão. Foram vários minutos de sangramento intenso, mas que parou repentinamente facilitando a descida. Por isso coloquei a luva somente na mão ferida a fim de evitar maiores danos...

Fácil chegamos às mochilas, carregamos e descemos. Foi uma corrida contra o tempo...Descemos as pedras, atravessamos o descampado, vencemos a elevação e sem maiores problemas entramos na trilha retornando. No final o Edson sentiu o cansaço. Sorte que foi no final, quando já estávamos atravessando a represa ao lado do Rebouças.

Não sei ao certo o que pode ter causado o problema mas acredito que tenha sido a soma de circunstâncias. Alertei o Edson várias vezes que ele deve se hidratar mais na caminhada pois ele praticamente não bebe água! Isso não é bom. Desidratação pode deixar uma pessoa em maus lençóis. Quando chegamos no Rebouças era exatamente 12:40h. Se apertássemos o passo, chegaríamos sem problemas na portaria. Mas aí o Edson desabou em cãibras repetidas e assim ficou por 40 minutos!

Fiquei preocupado, tentei dobrar a perna dele mas só piorava a situação...Achei que seria prudente fazer com que ele se alimentasse e bebesse bastante água. Fogareiro e panela na mão, hora do almoço! Talharim com lingüiça calabresa, um banquete pra quem ficou a noite praticamente em claro (não dormimos nem um minuto na viagem até Itanhandú) e não bebeu nada na trilha. Ele tinha gatorade e foi isso. Insisti pra ele comer e beber até que depois de um bom tempo (já era quase 14:00h!) ele começou a melhorar e conseguiu ficar de pé. Fiquei aliviado pois já estava avaliando a possibilidade de ir até a portaria pedir auxílio médico.

Trocamos de mochilas e voltamos. Achei melhor pegar a dele que estava consideravelmente mais pesada que a minha e assim, lentamente e sem pressa, chegamos à portaria do parque onde descansamos por uns 15 minutos e depois descemos até o Alsene.

Já ouvi falar muito do Alsene, e muito mal! Porém, não posso reclamar de minha estada lá. Não vi nenhum absurdo...Estava completamente vazio, quando chegamos não havia ninguém lá e assim éramos os únicos a acampar. Escolhemos um local privilegiado, no final do terreno do camping, bem antes do platô que desce até a cachoeira. A vista era sensacional, e estaríamos isolados de qualquer grupo que chegasse. Deu certo.

Nova refeição e pronto, o cansaço me pegou. Apaguei! Dormi sem intervalos de 16:00h até 19:00h, quando acordei vi o Edson do lado de fora já recuperado tirando fotos de flores e paisagens. Batemos um papo e decidimos que era cedo pra jantar...O sono pegou dessa vez o Edson que literalmente “entrou em curto” no seu saco de dormir. Eu também dormi porém pouco, sono mais leve...Fiquei deitado ainda pensando sobre as possíveis paisagens do cume do Couto!

O Edson acordou quase meia noite, então sim fizemos uma janta típica de acampamento, macarrão com salaminho e queijo chedar! Que maravilha...O melhor cozinheiro que existe de fato é a fome!

Fomos dormir quase uma da manhã ficando programado acordar cedo (05:30h) pra desmontar o acampamento e subir o Couto, pois ficamos com receio de novas crises de cãibras nas pernas do Edson, e o Couto é conhecido por ser uma montanha fácil. Por isso desistimos do ataque ao cume do Prateleiras. Acordamos, seguimos o roteiro e subimos pro parque.

Pagamos novamente a entrada, pegamos informações e fomos. Logo da estrada a visão da Serra Fina já é bastante privilegiada! Céu limpo, fotos pra todo lado...

Chegamos na trilha e logo começamos. Fomos fácil e sem problemas, lentamente ganhando altitude e contornando a montanha onde fica a segunda antena. Mas novamente a trilha que era totalmente fácil nos pregou uma peça. Um pequeno trecho, pequeno mesmo de uns 6 ou 7 metros ficou encoberto pelo capim alto, ocultando assim a continuidade da trilha que atravessa o pequeno vale até as paredes com vias de escalada onde continua muito bem demarcada. Inacreditável! Retornamos, traçamos uma nova rota seguindo falsos totens e chegamos a linha final onde teríamos que literalmente atravessar um rio pra continuar! Não dava...Voltamos novamente até a bifurcação após perder inacreditáveis 60 minutos, onde eu decidi que teria de encontrar a trilha correta.

Entrei na mata afastando o mato alto e finalmente encontrei a trilha. Respeito é bom e a montanha gosta! Seguimos a trilha novamente e super rápido chegamos a segunda antena. No caminho tiramos muitas fotos...Passamos pela escalaminhada lateral pro cume e pronto. 10:37h estávamos no cume do 8° pico brasileiro a 2.680 msnm. Ali perdemos um bom tempo tirando fotos e conversando, além de apreciar a vista...Ficamos mais de uma hora no cume, iniciando a descida ao meio dia com sol apino, torrando o couro!

Na descida mais dezenas de fotos...Um besouro pequeno, flores, formações rochosas, e uma linda aranha que cruzou meu caminho (dou uma sorte tremenda com elas, já que adoro aranhas!). Se a descida fosse direta e sem fotos acho que levaríamos uns 40 minutos, mas levamos o dobro disso por causa das fotos. Só durante a descida do Couto tiramos mais de 100 fotos!

Chegamos na portaria do parque por volta de 13:30h e no Alsene às 14:00h. Bebemos uma coca-cola e esperamos a menina ligar pro Toninho pra descermos de volta pra Itamonte. Ele chegou tarde, 15:30h! Tínhamos exatamente 70 minutos pra chegar a Itanhandú e tentar pegar o ônibus pra SP de 16:40h. Toninho fez o possível e por oitenta reais nos deixou na rodoviária de Itanhandú apenas cinco minutos antes do ônibus sair. Tarde demais, sem vagas...

Isso exigia mudança de planos, a saída foi pegar um ônibus pra Cruzeiro pra tentar outro por lá. Deu certo! Chegamos em Cruzeiro no momento de saída de um ônibus pra São Paulo com vagas sobrando...Negociamos diretamente com o motorista e viemos embora...

Foi uma baita correria, um pouco cansativo, mas maravilhoso...As fotos comprovam isso e não deixam margem para dúvidas em relação à beleza do Parque Nacional do Itatiaia, ou por que não dizer “Andes Brasileiros”?

Custo total da investida: R$ 329,00!

Algumas fotos...


Vista da estrada a caminho de Cruzeiro.




O simpático sapo flamenguinho.



A beleza da trilha pro Morro do Couto.




Edson e eu no cume do Morro do Couto a 2.680 msnm.




Eu "pulando" o Agulhas Negras.




Vista da trilha a caminho do Couto - Serra Fina e Pedra da Mina ao fundo.




Eu no cume da Pedra do Altar a 2.665 msnm.



Edson no início da trilha pra Pedra do Altar/ Agulhas Negras.



Logo após a portaria do parque, muita água no chão...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Filiar-se ou não?

Fundindo um pouco a cuca...

Algumas semanas atrás, enquanto estávamos na barraca no trabalho de secagem dos equipamentos e a chuva caía lá fora no cume do Camapuan, Pedro Hauck me perguntou: "Por que você não se filia ao clube TAL?" (TAL = nome do clube que não me lembro qual ele sugeriu).

Pois bem, pensei sobre isso nos últimos dias e cheguei a uma conclusão.
Não vejo a necessidade de me filiar a um clube de Montanhismo ou escalada. Na verdade até prefiro (pelo menos por enquanto) não fazê-lo.

As opiniões que escuto sobre isso sempre dão conta de muitos grupos se formando, alguma marginalização (não no sentido criminal, no sentido de descartabilidade) com iniciantes e novatos. Claro, isso não é regra, mas acredito que seja até possível existir. Já cruzei pela montanha por gente que passou de nariz empinado, com todo o fervor de que "eu sou o cara", e que quando virei as costas sujou a montanha ou com materiais altamente poluentes, ou com fezes. Da objetiva que eu observo, isso é farofada com "F" maiúsculo!

Olho para os com menos experiência e para os com mais experiência do mesmo jeito. Pra mim todos somos iguais, uns sabem mais e outros menos. Mas, a vida é assim, a capacidade evolutiva de cada qual é que difere os indivíduos.

Em relação a minha experiência: Me acho bastante novato no montanhismo. Me iniciei no montanhismo sem querer, sem planejar. Não foi minha intenção e quando me dei por conta, havia andado de 2.300m até 4.496m de altitude e pronto, estava já em "alta montanha" em plena Cochabamba - BO.

Nunca escondi, minha intenção nessa viagem era de nunca mais voltar ao Brasil para morar e sim pra visitar família e amigos, mas não aconteceu isso. Antes de ir pedi demissão do emprego e fui! Foi uma experiência maravilhosa, porém quando voltei enfrentei a sombra do desemprego. Assim fiquei por exatos 12 meses. Claro, já voltei apaixonado pelo montanhismo, mas por pura falta de renda não pude comprar equipamentos e obviamente não ia pra montanha nenhuma.

Hoje estou trabalhando, as beiras de completar um ano na empresa e em 16 de janeiro, se tudo der certo, parto para mais uma mochilada pela América do Sul. Mas, dessa vez, com objetivos de montanha!

De volta ao argumento, agora depois de quase dois anos, pratico o montanhismo pelo menos uma vez por mês. A experiência está sendo acumulada, já conheci pessoas bastante animadas pra prática como por exemplo o Edson Vandeira, com quem eu estou propondo uma parceria de escalada, além do Pedro Hauck, que me deu bastantes dicas nos últimos cinco meses, e já até subimos montanha juntos! Espero que não tenha sido a primeira e última vez, mas sim apenas a primeira.

Como eu vejo isso? Olho pros Clubes de Escalada e Montanhismo com olhos esperançosos, porém não pretendo me filiar por enquanto. Sou Sagitariano e como todos, vivo a aventura. Se não consigo parceria pra me aventurar, vou sozinho.

A pressa é inimiga da perfeição, não tenho pressa e sim necessidade. Necessidade de ir mais vezes à montanha fazer minhas reflexões, respirar o ar puro e sentir o frio. Pertencer a um ou outro clube não me tornaria mais montanhista ou menos. O fato de ter uma carteirinha e pagar uma anuidade, ser federado, isso não me faria olhar para os iniciantes (mais iniciantes do que eu) com olhar de superioridade, de forma alguma! Quem me conhece sabe que só busco o meu prazer junto das aventuras. Se houver alguém com quem eu possa compartilhar isso, melhor ainda!

Se tudo fosse fácil, a vida não teria graça.
Se todos concordassem com tudo, nunca se construiria conhecimento.

A última coisa que eu quero é fazer parte (pelo menos documentado) de um grupo que pré-conceitua outro grupo porque o nome é diferente. Não quero preencher um currículo de montanha e ser entrevistado sobre isso. Prefiro pegar meus bastões e demais equipos e ir subir montanha sem me preocupar com isso! (risos)

Repito: Isso não é regra, torço para que não seja regra e quero acreditar que isso não seja regra! Quero muito que exista uma harmonia tremenda entre todos os grupos de montanhismo, e que possam coexistir numa boa sem apontamentos ou qualquer tipo de diferenciação.

Sou contra os clubes de montanhismo? Não! O contrário disso! O ótimo exemplo que vi foi o clube que conheci (pelo menos o abrigo 5.13) do Paraná, onde o Pedro é Diretor de escalada. Se todos os membros forem como os que eu conheci por lá, o grupo está de parabéns!

Pensamentos um pouco desordenados, mas estão aí!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Quanto tempo o tempo tem?

Um trocadilho básico para iniciar o post...

A inspiração foi no nome da Peça escrita por um amigo da minha namorada. Diga-se de passagem.
O título do post remete a uma reflexão sobre o tempo (weather) mesmo!
Quanto tempo o tempo ainda tem para chuva?
Ou seria quanto tempo a chuva ainda tem para cair?

É, nos últimos finais de semana a chuva cai constantemente e em alguns momentos com verdadeiras pancadas típicas de verão!

Infelizmente o inverno acabou, e a primavera chegou. O inverno é a minha estação preferida tanto no gosto quanto na necessidade física. Detesto calor. Quando ele chega sofro as consequências com constantes dores de cabeça e espirros da maldita rinite alérgica...

Com o fim do inverno, chega ao fim também (pelo menos nominalmente) a temporada do montanhismo. Porém, não me dou por vencido! Ainda preciso de muita experiência e muito preparo físico para os desafios que me aguardam no início de 2009. Não são montanhas difíceis tecnicamente, porém exigentes em relação a desnível e condicionamento físico.

Pensando nisso, não desisto da prática do montanhismo mesmo com o fim do inverno. Em menos de duas semanas volto pra montanha (se o tempo permitir) para correr atrás de meus objetivos. Local? Prefiro não comentar aqui antes de ter certeza em relação ao clima tempo rsrsrs, mas...Não acredito que seja muito complicado dessa vez um sábado e um domingo de tempo bom. Afinal de contas, alguma hora o registro precisa ser fechado!

Os objetivos de 2009? Hummm, são poucos, apenas 4 montanhas. Mas, o que vier pela frente irei subir. Claro, sem deixar muito a namorada de lado senão levo um aviso prévio! rsrsrs

Objetivos programados para janeiro de 2009:



Vulcão Villa Ricca:2.843 msnm, desnível de cerca de 1.100 metros.



Vulcão Licancabur:5.916 msnm, desnível de cerca de 1.700 metros.




Vulcão Lanin:3.776 msnm, desnível de cerca de 2.700 metros!




Nevado de Acay:5.950 msnm, desnível de cerca de 1.000 metros.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A intenção era o Pico Ciririca, mas...

Bem, já que o climatempo e o simepar não quiseram satisfazer as vontades desse pobre montanhista carioca e do Pedro Hauck, resolvemos apertar aquele velho botão e ir assim mesmo!
Eu e Pedro nos conhecemos alguns meses atrás pelo orkut, mas nunca havíamos nos conhecido pessoalmente, subindo montanha de fato seria a melhor maneira.

Pedro Hauck dispensa apresentações. Grande nome do montanhismo e andinismo nacional, autor do Gente de Montanha (www.gentedemontanha.com) e colunista do Alta Montanha (www.altamontanha.com) , além de ser diretor de escalada do CPM.

Peguei o ônibus na Tietê após um pequeno problema...Depois de 15 minutos de atraso foi comunicado aos passageiros do carro de 23:40h para Curitiba que a saída iria atrasar mais ainda. Olhei feio pro cara da plataforma, funcionário da cometa, que no olhar de volta compreendeu que eu fiquei "descontente" com o fato, por isso me chamou, pegou minha passagem e nela fez algumas anotações, e me mandou pra outro carro com vagas sobrando. Era um carro de leito! Pelo menos nisso a sorte valeu...

Então assim sendo, fui eu rumo ao Paraná. A última vez que pisei em solo paranaense foi ha uns 11 anos atrás mais ou menos, quando fui dar uma mochilada por lá rumo a Foz do Iguaçú. Cheguei na rodoviária exatamente 05:45am. Logo mandei um sms pro Pedro, e ele me disse que já chegaria. Demorou um pouco até ele chegar, acho que estava dormindo quando mandei o sms (risos).
Assim que chegou fomos pro carro dele e seguimos pra serra. Ninguém iria conosco então ele decidiu por tentarmos o Ciririca apesar do mau tempo.

Chegamos na fazenda, deixamos o carro, nos preparamos e entramos na trilha. Nem meio minuto depois de começarmos a chuva voltou a cair. Mesmo assim fomos embora...
O rio que ele disse que é somente um filetinho de água estava bastante forte, dificultando até a travessia. A chuva ficou mais e mais forte e em meia hora estávamos bem molhados. Não há roupa impermeável que segure tanta água! Quantos mm de chuva? Sei lá, todos eles! ahahahahah

Quando chegamos na divisa da trilha onde a direita segue para o Ciririca, resolvemos não tentar a montanha por causa do mau tempo. Ficaríamos no Camapuan e no Tucum mesmo e se o tempo ajudasse, Cerro Verde pela manhã seguinte. Seguimos em frente pela trilha.

O solo completamente encharcado dificultava bastante o caminho, e escorregar era muito fácil, por isso os bastões de caminhada foram essenciais. Não dava pra selecionar onde pisar, não dava pra pensar "hum, vou pisar ali que sujo menos a bota", isso não existia nesse dia. Depois de algum tempo simplesmente desisti de evitar as poças e córregos formados pela água descendo pela trilha e deixei rolar rsrsrs...

Depois de 2h30min chegamos ao cume do Camapuan, completamente molhados e com frio.
Pedro chegou antes de eu chegar uns 5 minutos e já começou a montar acampamento. Cheguei, larguei a mochila, me hidratei e o ajudei a montar a barraca. Depois de tudo pronto entramos na barraca e preparamos o almoço: Talharim com molho branco enriquecido de linguiça paio, e pra beber complemento energético de frutas tropicais!
Daí pra frente a rotina foi ficar dentro da barraca, secar roupas e equipamentos com fogareiro e esperar. Conversamos bastante, rimos um bocado da situação, mas como subir montanha geralmente é sinônimo de perrengue, eu não esquento a cabeça e Pedro tampouco, ali ficamos rindo da situação...

Bem, o acampamento estava montado, almoçamos e descansamos depois do trabalho de "secagem geral" era cerca de 14:00h quando paramos de fato e tentei dormir. Pedro ainda conseguiu dormir um pouco mas eu não. Quando deu 15h a chuva parou! Alguém fechou o registro e decidimos ir pro Tucum de ataque. Fomos.

Acho que levamos uns 10 minutos pra ir e uns 20 minutos pra voltar, pois na volta torci o tornozelo direito. Não foi grave mas ele insistia "estou aqui hein, não abuse!". Mais e mais acho que a minha escolha de bota foi muito boa, pois o cano alto com objetivo anti-torção provavelmente amenizou a pisada em falso. Se eu estivesse com um tênis ou uma bota de cano curto, acho que o estrago seria bem, bem pior!

A quantidade de água era enorme, inacabável...Muita chuva mesmo!
O tédio bateu e reconhecemos que fomos derrotados pelo Ciririca (ahahahahah) e chegamos ao comum acordo de descer imediatamente aproveitando a reduzida momentânea da chuva, e ficar no abrigo 5.13 do CPM. Desmontamos tudo, nos preparamos e às 16:30h começamos a descer bem acelerado.

Na descida foi vez do Pedro passar por um "rala bunda", mas nada grave, só serviu pra darmos outra risada! Não existia nesse dia "não escorregar"!

À medida que avançávamos, íamos ficando mais e mais impressionados com o volume de água. A trilha que estava bem molhada na subida, tinha virado riacho na descida. Pior ainda porque fica mais escorregadio do que já estava.
O córrego subiu, transbordou e alagou várias partes da trilha. Só pra se ter uma idéia, o rio é um só. Mas na ida, algumas partes já estavam altas e literalmente atravessamos "4 rios" grosseiramente falando (juntando o mesmo rio em curva, e trechos de trilha alagada), mas na volta esse número subiu pra "7 rios"! Incrível, escolher pedra para pisar era arriscado, por isso resolvemos literalmente ir por água abaixo.

Pisando no fundo do rio, com água até a coxa em alguns momentos, mas na maioria até os joelhos. A única vez que escolhi pedra, confiei no pé direito e foi meu erro. Escorreguei mas dei sorte de ainda ficar de pé, mas se não me segurasse na pedra a frente a queda poderia ser consideravelmente mais séria. Depois de atravessarmos todo esse problema, e continuarmos por mais e mais trilha alagada chegamos de volta a fazenda com 1h30min de descida. Voltamos pro carro e fomos pro 5.13.

Lá a aventura mudou de cara, chegamos tão encharcados que viramos alvo de foto pra registrar a situação dos dois aventureiros! A lareira serviu pra secar os sacos de dormir, calça impermeável (até quando? rs) e roupas. Rachamos com o pessoal cinco pizzas maravilhosas, e ficamos batendo papo até umas 22h, ouvindo sobre as aventuras do Pedro, o chá de fezes de rato, a calça costurada a mão do Máximo, a noite gelada no Lanin, o leite de raposa cleptomaníaca (ahahahaha), e mais contos sobre gnomos de olhos verdes brilhantes e observações de ovnis em São T. das Letras, com muitas risadas...

Fomos dormir, secos diga-se de passagem, após esse dia memorável.

Quando acordamos o tempo ensaiava uma melhora. Tomamos café da manhã, e o grupo decidiu subir o Morro do Anhangava, mas não daria pra mim, pois o meu pé reclamava um pouco...Resolvemos ficar no abrigo arrumando as mochilas pra partir, eu pra rodoviária de carona com o Pedro, e ele pra casa pra lavar os equipos e tentar secar o que desse no ap dele.

Pedro me deixou na rodoviária onde nos despedimos, ficando marcado para sabe-se lá quando uma vingança contra a Ciririca! Consegui trocar minha passagem de volta que era de 22:30h para 12:40h! Muita sorte. Só deu tempo de comprar um bolinho de carne e uma coca-cola e entrar no ônibus.

A aventura foi divertida, molhada ao extremo mas valeu cada minuto! Nas palavras do Pedro: "Fazer montanha nestas condições não é nada legal, mas vejo que todo mundo precisa de uma experiência dessas, controlada, para aprender como é e o que fazer em casos de pegar uma chuva dessas sem controle".

Conheci um pessoal bastante animado do CPM. Pena que moro tão longe, e não sei quando irei rever o pessoal novamente mas, espero que os reveja nas montanhas!

Custo total da viagem: R$ 144,70


Eu na frente da árvore milenar da trilha.



Pedro dando uma de Chef cozinheiro



Eu no cume do Camapuan - 1.706 msnm



Cume do Tucum - 1.736 msnm



Eu na trilha voltando - Isso era a trilha! Cade meus pés?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

www.climatempo.com.br

Pois então...

Ultimamente esse site juntamente do site www.simepar.br são os endereços mais acessados no meu computador do trabalho.

A expectativa de um bom tempo deve ser o pensamento mais presente na cabeça de todos os montanhistas não só do Brasil, mas do mundo todo. Afinal de contas, se o tempo não ajuda, não acontece nenhuma tentativa de cume.

Como sempre fiz uma programação, e ao que parece ela não acontecerá. That's a real pain in the ass!

O que posso fazer? Nada. Esperar mais um pouco, pelo menos até quarta-feira a noite ou quinta-feira pela manhã para ter certeza.

Nesse meio tempo, dei mais uma passada na Decathlon no final de semana pra reabastecer meus energéticos e comprar uma camisa nova de secagem rápida. Compras feitas voltei pra casa reabastecido para a próxima montanha, que ainda não sei se acontecerá ou não.

Esse final de semana foi super tenso...O ralo da cozinha de casa ficou "regurgitando" por cerca de 15 horas por causa de um entupimento no encanamento do prédio, e isso resultou em uma inundação da cozinha e algumas subidas e descidas na escadaria do prédio pra jogar fora a água que saía...

O celular de minha namorada está ameaçando quebrar...

As lâmpadas do banheiro do apartamento queimaram...

Meu notebook simplesmente parou de funcionar, hoje seguiu para a manutenção e não faço idéia quanto isso irá me custar...

E pra finalizar com chave de ouro o final de semana, a máquina digital da lili que seria utilizada durante a viagem de janeiro também deu defeito, manchando todas as fotos tiradas...

Sensacional. Parece que tudo foi combinado pra dar problema junto!
Isso só pode ser olho grande!

Bem, a vida segue...rs, e enquanto ela segue, fico por aqui contabilizando os prejuízos disso tudo...rsrs

Que venha o bom tempo!



A cozinha alagada!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Maciço das Agulhas Negras

Agora sim digo pra onde tinha planejado ir! Venho fazendo algumas programações que não estão acontecendo e por isso mudo de idéia na hora “H”, mas dessa vez foi diferente, deu tudo certo! Bom, quase tudo...

Saí do trabalho às 14:00h na sexta-feira dia 19, e fui pra Tietê pegar meu ônibus pra Itanhandú. O motorista era super lento e por isso a viagem durou 40 minutos a mais que o esperado. Cheguei em Itanhandú às 20:40h. Logo consegui pegar um ônibus por R$ 2,75 que me deixou no centro de Itamonte, de onde poderia subir a estrada até a Garganta do Registro e de lá nova estrada de pedra/ asfalto quebrado/ terra até o Abrigo Rebouças.

Quando cheguei em Itamonte até comício tinha, a cidade estava com a praça lotada, mas esse não era meu objetivo. Fui a procura de uma carona pra subir a estrada. Perguntei a vários taxistas e por incrível que pareça nenhum deles conhecia a Garganta do Registro! Que furada...

Até que depois de uns 6 ou 7 arguidos, na nova tentativa falei com um taxista chamado Zé (79 anos de idade!) que era meio surdo. Me jurou de pé junto que conhecia, mas ele não sabia o nome do camping! Por isso me deu uma carona até um restaurante onde conversando com o dono (Nelson) finalmente ouvi alguém dizer que conhecia o Alsene!

Ele deu as dicas pro velho, e ele disse que me levaria lá por R$ 30,00. Aceitei o preço combinado e fui. Depois de uns 20 minutos estávamos na Garganta do Registro que fica a 1.666 msnm, fazia um frio bom de 2°C ou 3°C mais ou menos. O velho queria me deixar ali!!! Não acreditei. Depois de muita conversa e constatar que não conseguiria uma carona pra subir os 12km de estrada ruim que faltavam, e que levaria provavelmente a noite inteira andando para superar, decidi voltar pra cidade e deixar pro dia seguinte.

Ao chegar na cidade paguei o taxista surdo e sem palavra Zé, e voltei pro restaurante/ hotel do Nelson. Contei o acontecido e ele achou uma puta sacanagem do Zé...Por isso me deu um desconto na diária do hotel (que ficou por R$ 30,00 com café incluso), e me prometeu um conhecido pra me levar cedo pro Alsene. Pousei por lá mesmo, frustrado porque minha idéia era bivacar no Alsene pra pegar o frio da serra.

Dormi por volta de meia noite. Acordei cinco da matina, tomei um banho, comi duas barras de cereais, me preparei e desci. Seis em ponto eu estava na frente do restaurante conversando com o Nelson e esperando o conhecido dele.

O taxista (Toninho Baiano) chegou em 15 minutos! Super gente fina. Disse que sempre leva gente pro Alsene e cobra R$ 70,00, e leva quantos der no carro (fusca). Me deu um pequeno desconto porque eu estava sozinho e fez por R$ 65,00. Quer subir a montanha? Fazer o que? Paga! Ele me levou até a porta do Alsene e eu paguei. Ainda me prometeu fazer a descida por R$ 60,00, bastava ligar pra ele que me pegaria no horário programado, independente de qual fosse!

Lá chegando bati um papo com um grupo que iria subir o Prateleiras com um guia que estavam aguardando. Depois de mais alguns minutos tomei meu rumo. Comecei a subir a estrada até chegar a entrada do Parque. Me registrei, paguei a taxa (R$ 12,00) e na entrada mesmo conheci um grupo de cinco montanhistas que iriam subir o Prateleiras. Quatro homens e uma mulher. Todos super gente fina, e devidamente equipados pra escalada em rocha. Subimos a estrada juntos até a porta do Abrigo Rebouças.

Lá nos separamos, eles tomaram o rumo do Prateleiras (direita) e eu o rumo do AN (esquerda), entrando no Rebouças. Lá conheci outro grupo, bem mais equipado. Esse grupo faria o Agulhas de ponta a ponta, atingindo todos os cumes do maciço. Por esse motivo não os vi mais. Seria outra trilha, outra rota mais longa. Decidi subir sozinho, novamente.

Comecei a subida exatamente 09:30h. A trilha é muito bem definida e pra minha surpresa, limpíssima! Não havia nem um papel de bala sequer. Em apenas 40 minutos cheguei na base da montanha e fiquei fascinado! Há anos que eu desejava subir essa montanha, então isso significaria um sonho realizado pra mim. Descansei por dois minutos, reabasteci a água no córrego Agulhas Negras, e comecei a escalaminhada.

Depois de cerca de 30 minutos achei que havia errado a trilha, porque ela fica bastante confusa naquele ponto, chegando as rampas. Decidi descansar um pouco, me hidratar e apreciar a vista. Me enfiei no mato, subi algumas pedras, fiz várias fotos lindas! Depois me sentei sobre uma pedra e fiquei apreciando a vista por uns bons 15 minutos!

Comecei a ouvir vozes. Logo logo vi dois homens subindo e uma criança, de cara achei um perigo a criança estar ali, mas depois me surpreendi. Se tratava do Zeca (28) e do Ricardo (50) e da Maria (6!) filha do Ricardo. Disse a eles que achava que tinha errado a trilha e por isso estava ali apreciando a vista antes de continuar. Propus de subirmos juntos e eles concordaram. Montanha acima!

Foi bom ver mais gente dessa vez, me deu uma animada extra! Subimos com vontade e fácil superamos as rampas até chegar a parte das rochas onde há um paredão de cerca de 6 ou 7 metros de altura. Zeca tinha com ele uma cadeirinha, alguns mosquetões, sapatilha e duas cordas de cerca de 20 metros cada. Foi a salvação, pois sem as cordas acho que eu não poderia atingir o cume porque não tenho nenhuma técnica de escalada em rocha, e acho que seria difícil superar a não ser que houvesse outra forma de passar daquela parede.

Subimos a parede e retomamos a subida em nova rampa. Quando essa terminou começaram as rochas, e fomos direto por elas até chegar a garganta onde primeiro vão as mochilas, e depois nós.

Maria: Me surpreendi com essa menina! Seis anos de idade e subiu a montanha como se estivesse brincando no jardim de infância! Rapelou, escalou, usou canaletas, sensacional!

Enfim, passada a garganta novamente subimos com cordas depois que o Zeca subiu. Depois disso só mais alguns metros e estávamos no cume. A vista é linda obviamente. De longe avistei a Serra Fina e nela a Pedra da Mina onde estive 2 meses antes. Fiz várias fotos é claro, mas infelizmente não assinei o livro porque o Zeca disse que não confiava na corda que tinha pra fazer a tirolesa. Por isso me limitei a parar o mais próximo que pude e fotografa-lo. Já era o suficiente, já estava bastante feliz!

Fizemos um lanche, mais algumas fotos e começamos a descida.

Rapelamos de volta ao pequeno platô (sobre a garganta), aquela apertada passagem de volta e logo já estávamos desescalando as rochas. Na descida vimos uma aranha, uma pequena cobra, e fizemos mais algumas fotos. A subida levou 3,5 horas, a descida levou 2,75 horas.

Só no final da descida que o Zeca me disse que trabalha como guia ali e na Serra Fina! Sobe o AN quase todo final de semana. Enfim, durante a descida consegui com ele e com o Ricardo uma carona até Itanhandú. Isso foi bom porque economizei a grana de R$ 60,00 que pagaria ao Toninho pra voltar a cidade.

Quando chegamos no Abrigo Rebouças, surpresa. Encontramos novamente o grupo que conheci na subida! Foi legal pois trocamos contatos para envio de fotos e descemos juntos até a entrada do parque.

De lá pegamos a Kombi e fomos embora. Cheguei na cidade às 19:15h. Me despedi do Zeca e do Ricardo e da Maria (que montanhista mirim!) e fui a um restaurante qualquer porque meu estômago gritava “comida seu idiota, mande comida!!”. Fiz uma refeição e fui até a rodoviária. Lá chegando descobri que o próximo ônibus para São Paulo sairia somente 01:00h da matina!!! Putz...Fazer o que...Bivaquei na rodoviária. Dormi de 20h a meia noite. O ônibus chegou com quinze minutos de atraso, só então pude voltar pra casa.

Enfim, sonho realizado. Mais experiência, mais amizades e mais reflexões sobre as montanhas.

Essa foi uma montanha um pouco carinha. O custo total da viagem foi de R$ 223,85.

Algumas fotos...


Eu na estrada de subida para o Alsene.



Atrás de mim: Zeca com Maria. Eu no auto-retrato e a minha esquerda o Ricardo.



Escalada final pro cume. Auto-retrato, mais acima o Ricardo.



Eu no cume do Agulhas Negras, ao fundo o Pico Prateleiras.



Eu e o cume do Pico Itatiaiaçú (cume das Agulhas Negras) a 2.792,66 msnm. O livro.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Adventure Fair 2008

Mega evento!

Esperei por semanas o evento e não poderia perder, sendo tão perto de casa.
Peguei a Lili, um ônibus e quinze minutos depois estávamos no metrô Jabaquara pra andar até a expo imigrantes. Chegamos rápido.



Gostei muito da área de exposições e da maioria dos stands. Cada estado (não todos) tinha um stand próprio repleto de informações turísticas, e pessoas sorridentes (donas de agências de aventura) dispostas a oferecer todo apoio possível, obviamente querendo promover o turismo na sua cidade/ Estado.

Achei pobre o stand da Trilhas & Rumos. Esperava mais, era pequeno, com algumas mochilas porém nada a venda. Achei que foi bobeira deles tendo um nome de peso em equipamentos de camping, trekking e montanhismo.

O melhor de tudo, nos stands da Argentina, Perú e Chile os promotores eram dos próprios países. Vieram ao Brasil promover o turismo por lá! Cheios de mapas informativos e um bocado de dificuldade para arranhar o português!
Fiquei feliz ao encontrar no stand da Argentina uma moça que promovia qual cidade? San Junin de Los Andes, morada do maravilhoso Lanin (3.776m) que pretendo subir no início do ano que vem. Melhor, além de mapas da cidade e contato de duas agências, ela me deu um cd com um vídeo da cidade que me fez babar. A vontade é de ir pra morar, tamanha a beleza do povoado.

Continuei na feira...E dei de cara com um stand bem avantajado da Território Online, e nela vários equipos da Conquista Montanhismo! Diga-se de passagem eu fui meio frustrado porque a Conquista não teria stand.
Lá, escolhi rapidamente minha calça alta montanha da marca (e que calça!) e um isolante pra Lili, ganhei um desconto bom para pagamento a vista e levei os dois! Foi melhor ainda pois conheci a dona da Conquista, que me mostrou orgulhosa foto do filho dela no catálogo da marca quando subiu o Aconcágua. Simpatia em pessoa!

Fui para a área externa. Tirando o test drive da Palio Adventure nova (aquela do comercial ridículo dos animais de pelúcia) tudo foi podre. Muito espaço ocioso, uma fila enorme pra escalar uma parede em 90° com uns 8 metros de altura, e ainda tinha que pagar R$ 10,00. Sem chance. Arvorismo: uma única passagem de uns 12 a 15 metros, um rapel de no máximo 8 metros...Fiquei decepcionado. O que não faltava era espaço ocioso.



Incrível, o test drive dos quadricíclos era uma voltinha de uns 30 metros! Fiquei pasmo visto que a parte externa tem facilmente uns 4 km².

Enfim, voltei pra casa satisfeito pois comprei minha calça. Estreio ela dia 19.
Não comento aqui o destino porque tudo que venho planejando tem dado pau...kkkkkk

Segredo! Quando voltar posto como foi...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

De volta a Minas Gerais...

Bem, fui para um objetivo mais light dessa vez porque estaria em solo. Dessa vez fui ao encontro do Pico do Lopo na Serra do Lopo, localizado em Extrema – MG. A Serra (como todas) é linda, e durante a trilha observei formações rochosas lindas, o que foi bastante empolgante.

Saí de São Paulo direto do trabalho pra Tietê, e de lá peguei meu ônibus até Extrema, chegando na cidade às 21:00h. Imediatamente comprei a volta pra domingo às 17:30h e no próprio guichê peguei informações sobre a trilha do Pinheirinho, primeiro problema...

Como de costume, eu acabo sempre fazendo o mais difícil e só me prejudico com isso he he he...Seguindo orientação do cara do guichê, comecei a subida da estrada da Torre da Embratel onde supostamente começava a trilha.

Andei de 21:20h até 00:30h e ainda não havia chegado a torre! A mochila com seus 21kg ficou difícil de aturar mais, e sem jantar, exausto por caminhar em estrada cheia de pedras, terra, ou em outros momentos paralelepípedo eu cansei, resolvi bivacar na estrada mesmo porque sozinho, a empolgação de montar a barraca era zero...Tirei da mochila meu isolante, e foi só isso. Deitei e dormi muito mal, por poucos trechos de tempo.


(Local onde bivaquei)

Levantei às 05:30h e comecei a andar. Estava a apenas 150m da torre mas não via porque era noite! É mole? He he he...

Enfim, quando cheguei lá, peguei minhas anotações e reli. Errado! A trilha que saia da torre na verdade era a de chegada! Eu não havia chegado no início da trilha do Pinheirinho e sim no final! E a estrada que levava ao início da trilha (ao lado na entrada da pousada Céu da Mantiqueira) ainda subia mais!


(Amanhecer na Serra do Lopo)

Lá fui eu, me ferrando pela info errada que peguei na rodoviária...Depois de mais uma hora e meia de subida finalmente cheguei na entrada da pousada, onde de fato começava a trilha no lado esquerdo. Dei uma descansada de 15 minutos, e me preparei. Polainas, bastões e fui...

(Eu no começo da trilha, ainda em frente a entrada da Pousada)

A trilha é bem fácil, porém traiçoeira. A mata é extremamente úmida, o que torna o chão fofo e muito escorregadio. As vezes eu pisava e meu pé afundava completamente em lama, escorreguei umas cinco vezes...Bastões de caminhada são muito importantes, e como a mata é propícia pra animais peçonhentos, achei apropriado usar as polainas, foi bom!

Com meia hora de trilha passei pela Pedra dos Cabritos. O interessante é que eu sabia que ela ficava na trilha mas não tinha certeza de que havia passado por ela...Hoje, após fazer o relato e ver fotos, descobri que de fato passei por ela! Legal...rs...Pedra dos Cabritos, 1.611 msnm, também pisei lá!

Após 65 minutos cheguei ao platô enorme de sei lá, cerca de 1 km² que é a Pedra das Flores, a 1.700 msnm. É linda, com pedaços totalmente planos, ideal para camping. E dá pra muitas barracas, muitas mesmo...


(Eu no cume da Pedra das Flores - 1.700msnm)

(Eu no cume da Pedra das Flores e o Pico do Lopo ao fundo)

Dei uma descansada, me hidratei, e continuei pro Pico do Lopo, chegando em sua base apenas 25 minutos depois.


(Eu na escalada final pro cume do Pico do Lopo)

Na base dele há uma pedra enorme (o pico é um amontoado de pedras gigantes) e sob ela rola uma pequena caverna que foi providencial, lá deixei meus 21kg de carga e fiz a escalada sem o peso. A escalada é fácil, apenas cinco minutos são suficientes pro cume do Pico, mas tem uns trechos que devem atingir uns 70° de inclinação e a mochila iria ser uma complicação...

(Eu no cume do Pico do Lopo - 1.780msnm)

Quando cheguei no cume do Pico do Lopo (1.780 msnm) tirei algumas fotos da represa de Joanópolis (Represa Jaguary), de Extrema, de Joanópolis, da Pedra das Flores vista de lá, porém tudo sentado. O vento era tão forte que era difícil ficar de pé...Não quis arriscar e fiquei sentado ahahahah...

Depois de algumas fotos e cinco minutos de apreciação da vista desci, peguei minha cargueira e voltei pra Pedra das Flores, onde tinha uma família inteira de orientais montando uma tenda, e preparando um churrasco!!! Putz...deprimente...Espero que tenham levado todo lixo produzido...

(represa de Joanópolis vista do cume do Pico do Lopo)

Estava sozinho, cansado, relaxando na Pedra quando minha namorada me ligou e pediu que eu voltasse logo já que tinha conseguido os cumes tão rápido, e que estava morrendo de saudades. Óbvio não resisti rsrsrs...

Me preparei, bebi bastante água e fui. Após uma hora exata estava de volta a entrada da pousada, onde por sorte consegui uma carona que me deixou a apenas 3km da cidade descendo a estrada que subi na noite anterior.

Andei por mais uns 2km e quase no final consegui uma segunda carona até o final! Putz que sorte...rs

Ali mesmo fiz um lanche, e atravessei o quarteirão pra rodoviária, onde milagrosamente troquei minha passagem pra 15:30h do sábado mesmo! Em vinte minutos o ônibus partiria! Nossa, que sorte dupla! Cheguei em casa às 18:00h após menos de uma hora e meia de ônibus e mais um bocado de metrô, além da lotação no final pra chegar na minha rua...

Valeu a pena cada minuto, e foi uma experiência legal fazer a trilha sozinho pois pensei bastante sobre meu psicológico, o que foi bom. Houve momentos em que eu me peguei dando força pra mim mesmo! Meio doideira, mas isso aconteceu durante a subida da estrada que foi bem cansativa...

Combinei com um casal de amigos pro mês que vem subir o Camapuã e o Tucum na Serra do Mar.

Anotação importante: COMPRAR UMA CALÇA APROPRIADA O QUANTO ANTES!!! (preciso aposentar a minha calça camuflada que não serve pra montanhismo)

Custo total da viagem: R$ 38,00 (R$ 16,00 da passagem de ida + R$ 8,00 do lanche + R$ 14,00 da passagem de volta)

Na faixa!!!


terça-feira, 12 de agosto de 2008

Pedra da Mina - Serra Fina JUL2008

Vamos lá...Mais uma aventura.

Dessa vez resolvi subir a 4ª montanha mais alta do Brasil, sendo que em território 100% nacional ela é a 2ª, perdendo apenas para o Pico da Bandeira que fica na divisa ES/MG.

No primeiro fim de semana de julho, portanto ha mais de um mês, segui para Passa Quatro após combinar com meu amigo do RJ Alexandre e sua namorada Adriana para fazermos o ataque ao cume.

Saí de São Paulo na sexta-feira e após 4,5 horas cheguei na cidade, onde o Alexandre e a Adriana me esperavam de carro. Era meia noite e Já fazia frio, cerca de 5°C. Entrei no carro e pegamos a estrada.

Da Rodoviária pegamos a estrada de ferro da cidade e logo depois um desvio, quando acertamos a estrada de terra que nos levaria a Fazenda Serra Fina. Foram 20km de estrada de terra bem precária, e como o nosso carro era um corsa 1.0l, houve duas ocasiões em que fomos obrigados a descer do carro e empurrar! hahahahah...

Enfim, chegamos a Fazenda Serra Fina por volta de uma e meia da madrugada! Só havia mais um grupo liderado pelo Tacio acampado na entrada da fazenda, isso ajudou bastante porque acreditamos que ao chegar lá seria meio complicado acampar.

O grupo do Tacio saiu cedo, por volta de seis e meia. Nós demoramos mais a nos arrumar e só saímos oito da manhã! Após cerca de uma hora chegamos ao rio onde reabastecemos a água e continuamos após algumas fotos. A trilha é bem marcada apesar de ser bem cansativa.

Não demorou muito e já chegávamos a um mirante. Uma pequena clareira na mata que nos dava uma belíssima visão da Serra Fina, já com um desnível de aproximadamente 300 metros em relação a fazenda. A visão era linda...Continuamos depois de fotografar.

É engraçado como o corpo desidrata rápido na Serra Fina. Quanto mais baixo estamos, maior a oferta de água. Quanto mais alto estamos, menor a oferta de água (óbvio) e portanto o solo é mais árido. A sede é terrível, e parávamos pra beber água de vinte em vinte minutos. Mesmo assim, mesmo com o calor, fazia cerca de 10°C. Tiramos os casacos e continuamos.

As mochilas nem estavam tão pesadas assim, a minha e a do Alexandre com cerca de 20kg, e a da Adriana com menos, entre 10 e 15kg.

Após longas seis horas de trilha paramos para descansar logo depois do capim elefante, onde rola uma escalaminhada em pedra. Nesse momento estávamos exaustos, parecia interminável. Após tanto ler sobre a trilha (pesquisei por duas semanas antes de ir) cheguei a conclusão de que de fato ela merecia a reputação de ser muito exigente em relação a condicionamento físico. A minha única vantagem em relação ao Alexandre e a Adriana é o psicológico. Sou uma fonte interminável de incentivo (encheção de saco ahahahaha) e sempre os forcei a subir mais, em um ritmo mais lento pra que o cansaço levasse mais tempo pra nos pegar até pararmos por mais cinco minutos. Afinal de contas, não tínhamos pressa! Só queríamos o cume, depois voltaríamos pra acampar.



Enquanto almoçávamos fomos ultrapassados por um outro grupo que parecia ser local pelos sotaques, dentre eles havia um mais gordinho. Mais tarde percebemos tratar-se de um grupo que nao respeita nem um pouco a natureza. Mais pra frente explico...
Enfim, o almoço foi providencial, renovou minhas forças por completo! Me senti novo! E nada mais foi que meia horinha sentados e um miojo que parecia um talharim italiano legítimo! ahahahaha

Recomeçamos. Incrível, nem meia hora depois e já estávamos exaustos novamente, Adriana principalmente. Mesmo assim continuamos, demos uma parada antes da reta final e fomos.
Finalmente, perto do pôr do sol após nove horas de caminhada (acho que batemos o record de lentidão ahahahahah) chegamos ao cume. Algumas barracas já armadas o que impossibilitava o nosso camping ali mesmo porque os espaços vazios são cheios de pedras...Tacio e seu grupo estavam lá, batendo fotos e admirando a paisagem...
Nos limitamos a bater algumas fotos, poucas até, e quase que imediatamente iniciamos a descida. Nem sequer assinamos o livro!!!

É, uma besteira mas não assinamos. Adriana mal se aguentava de pé, Alexandre também estava exausto mas dava forças pra namorada, e eu feliz! Obviamente, muito cansado, quase sem forças. Mas a resistência ao frio da Adriana não é a mesma que eu tenho e que o Alexandre tem, resolvemos descer imediatamente pois o sol já já começaria a se pôr.



Tomamos nosso rumo de retorno. Descemos ao pré-cume, passamos pela montanha anterior, voltamos pelas pedras, passamos do capim elefante (estava meio lama, afundando as botas...) e logo chegamos a um pequeno descampado onde só cabe uma barraca. Ali mesmo acampamos. Essa descida levou cerca de uma hora. Foi rápido até...

Nesse descampado já tinha uma fogueira previamente feita, não gosto de fazer fogueiras porém se ela for feita com cuidado, nenhum acidente acontece. Reforçamos o contorno de pedras e queimamos alguns galhos secos pra Adriana se aquecer enquanto montávamos acampamento.
O sol se foi e com ele 15 graus de calor. A temperatura despencou de 16 a 17°C para apenas 1,5°C positivos às 19:00h! Era muito cedo pra fazer tanto frio...Depois percebemos porque de tanto frio, estavamos ao lado de um pequeno riacho (último ponto de água na subida), por isso toda mata a sua volta é bem úmida.

Mais frio, quando deu 20:00h fazia -1,4°C. Pelo menos a barraca estava montada, e agilizamos mais uma comidinha. Atum com sopa. Delícia, comida de deuses ahahahahah....

Nos aprontamos pra dormir, apagamos a fogueira e meia hora depois, devidamente embrulhados na barraca fomos dormir.
Durante a madrugada acordei várias vezes pra ver a temperatura. Deixei mei relógio pendurado do lado de fora da barraca e olha asempre que me lembrava (não consegui dormir muito bem mesmo). A última vez que olhei, era exatamente 03:14h e fazia: -8,2°C!
Muito frio, a barraca tinha gelo pra todo lado, eu não sentia minhas orelhas e percebi que estávamos muito frias e duras! Coloquei minha toca e voltei pra barraca mas não consegui tirar foto do relógio marcando a temperatura...

Quando amanheceu (por volta de 06:00h) levantei após uns 20 minutos de sol e comecei a bater fotos da barraca coberta de gelo. Foi divertido! Batemos várias fotos e só depois que o gelo derreteu começamos a tomar nosso café da manhã.

Depois do café, levantar acampamento, secar a barraca e seguir rumo a fazenda Serra Fina! Na volta a constatação desagradável. Aquele grupo que estava exatamente atrás de nós fez uma tremenda sujeirada na trilha! Largaram potes de cup noodles (recolhemos todos que vimos), embalagens de BIS que também pegamos, além de arroz dentro da fonte de água e vários, vários pedaços de papel higiênico, que apesar dos pesares, era o de menor problema visto que o papel é bio-degradável. Mas porra, custava ensacar e levar pra jogar fora em um local apropriado???

Em apenas cinco horas descemos, fazendo uma breve parada no rio, onde Adriana tomou um banho. Nessa parada o Tácio passou por nós com seu grupo e me disse que no cume pegaram -2°C. Quando disse a ele quanto pegamos ele se surpreendeu, achou estranho. Mas na verdade eu não acho muito difícil visto que eles estavam em um local muito seco e nós em um local muito úmido, cerca de 200 metros a menos de altitude.
Ainda na parada o grupo porcalhão chegou, pararam e também reabasteceram os cantis.
Um deles percebeu os sacos de lixo amarrados nas nossas mochilas e provavelmente viram os potes que eles mesmo largaram na trilha. Obviamente perceberam e não puxaram um assunto sequer, nem uma palavra!

Seguiram rumo junto do grupo do Tacio e sumiram na mata. Ainda ficamos mais alguns minutos e logo depois fomos. Quando chegamos na fazenda (meia hora depois) todos já haviam sumido.

Enfim, foi uma aventura legal, desafiadora, cansativa, e empolgante!

O próximo objetivo é a divisa de Extrema, Monte Verde e Joanópolis, subindo 4 picos. Mais leve porém com visual reconhecido!
Após essas montanhas, já agendei com um casal amigo em 26, 27 e 28 de setembro a subida dos picos Camapuã e Tucum na Serra do Mar, no Paraná.






É isso aí!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O despertar para o montanhismo!


Vamos lá...

Essa História é verídica, nela conto como despertei para o montanhismo, mesmo sem ser essa a minha intenção na época.

Eu havia iniciado meu primeiro mochilão internacional em janeiro de 2007. Já era mochileiro de carreira tendo começado em 1996 com 19 anos de idade, mas agora seria minha primeira aventura fora do país, e tinha que valer a pena!

Após alguns pequenos problemas no início da viagem estava na cidade de Cochabamba na Bolívia onde conheci um peruano e um boliviano que tentavam chegar a La Paz também. Combinamos com um taxista uma corrida até La Paz por US$ 100.00, nada ruim para um trajeto tão longo, e dividiríamos o valor por três. Na Bolívia a regra é combinar um valor antes de sentar no táxi. A barganha também é importante e cultural por lá e por outros países da América do Sul.

Viagem à frente. Saímos do aeroporto de Cochabamba e logo logo nos vimos frente a frente com um bloqueio. Nada de saídas, não havia como escapar. Para todo lado que o taxista tentava, bloqueio. Estava pior do que imaginávamos, nos enfiamos no meio de uma crise social boliviana.

Após tentar sair do bloqueio por umas duas horas o taxista desistiu, e nos deixou onde estávamos mesmo. Pagamos somente 20 pesos bolivianos cada um e seguimos nosso rumo a pé.

Eu nunca tinha visto uma movimentação popular tão abrangente como aquela. Em um momento passávamos pela estrada onde havia pedras, montes de areia, pneus queimados e etc. Sobre um monte vi um papel grande escrito a mão, era uma mensagem de protesto. Claro, sendo Historiador pretendia registrar aquilo. Saquei minha máquina e fiz uma foto. Isso foi um erro! Fui cercado por pessoas que acreditavam que eu fosse um repórter, e queriam tomar minha máquina!

Foram cinco minutos tensos, e no meu paupérrimo portunhol, tive que dizer a todos que era Professor de História em uma viagem cultural pela América do Sul, e por isso registrava o acontecido, além de ser inteiramente a favor de todas as reivindicações que o povo dali fazia. Por fim me deixaram ir com minha máquina.

Esse foi só o começo. Em Cochabamba já há alguma altitude, cerca de 2.560 msnm. Minha mochila que pesava 16kg (descobri o peso total quando embarquei ainda no Rio de Janeiro para Santa Cruz) ainda não incomodava, mas iria incomodar!

Andamos por várias horas. No total cerca de 22 km! É muita caminhada a uma velocidade muito boa, e até então nunca havia caminhado tanto em minha vida. A noite caiu e com ela o frio chegou. A temperatura despencou de 20°C para 5°C, e cairia mais ainda.

O bloqueio estava bastante sério, centenas de caminhões parados nas estradas, milhares de pessoas protestando. No centro houve manifestações e uma pessoa foi morta, Cochabamba estava à beira de uma stasis social.

Durante a noite a caminhada ficou preocupante, pois não havia só pedras no chão, havia também espinhos! Galhos inteiros de espinhos que não eram espinhos normais, eram enormes! Espinhos com três ou quatro centímetros de comprimento, duros o suficiente para furar pneus, e eu ficava imaginando o estrago que seria capaz de fazer em um um pé. Peguei na mochila minha lanterna (item que não pode faltar), e fui iluminando o caminho para não parar em um hospital.

Finalmente encontrei uma parada de caminhoneiros na subida de uma montanha. Ali havia um pequeno restaurante, simples como todos na Bolívia, onde comi minha primeira refeição. Foi um prato de frango frito com arroz e salada de alface e tomate. Revigorante, maravilhoso, e me custou somente três bolivianos, menos de 50 cents de dólar!

Pedi permissão para o dono do estabelecimento para montar minha barraca de camping ali mesmo, e ele deixou sem exitar. Armei a barraca por volta de meia noite. Antes de dormir, combinei com um caminhoneiro uma carona pelas montanhas até La Paz, minha segunda tentativa de chegar a La Paz. Dormi até 04:00h, foram as piores quatro horas de sono que tive durante a viagem, fazia frio (cerca de 0°C), estava deitado praticamente no chão, tendo meu mochilão como travesseiro e a lona da barraca como cama. Acordei no horário programado, e segui viagem na caçamba do caminhão.

Montanha acima aqui vamos nós! Frio pela manhã, começamos a subir. Quando achava que já era o ponto mais alto, o caminhão fazia uma curva e havia um cume mais alto...nenhuma civilização, nenhuma construção, só o caminhão e estradas de terra montanha acima. Lá pelos 4.000 msnm, o caminhão não agüentava mais e superaquecia repetidamente. Não poderia mais continuar ali pois nada iria adiante. Por sorte, um caminhão carregado de uma colheita de milho passou, combinei uma carona e subi nele. A viagem continuava repleta de aventuras em estilo Indiana Jones! Até então não conseguira tomar um banho ainda. Já era o terceiro dia da viagem.

Continuamos no caminhão até que por fim ele alcançou uma estrada asfaltada, de ótima qualidade diga-se de passagem, que ligava os distritos bolivianos atravessando Cochabamba, Oruro e chegando a La Paz. Nela paramos por meia hora para almoçar. O cardápio era sopa de pollo (frango), dieta natural local e repetidamente oferecida pelo povo boliviano. Após o almoço cujo estabelecimento nem adianta indicar pois fica no meio de um pequeno povoado sobre as montanhas, seguimos viagem na auto-estrada rumo a La Paz.

Justamente quando eu pensava que o problema havia sido superado voltei a me preocupar. O bloqueio ainda estava firme, e as estradas estavam cheias de pedras que o povo montanhês rolava morro abaixo. O interessante é que o povo que vive nas montanhas não fala espanhol, eles ainda falam o dialeto primitivo Aymara, e a tentativa de contato com o povo boliviano que mora nas cidades não é muito bem sucedida, eles literalmente não se entendem! Chegamos a um bloqueio com cerca de cinquenta pessoas que vivem nas montanhas, e ali ficamos.

O dono do caminhão deu para as pessoas cerca de cem espigas de milho, mas não haveria mais negociação, sem chance. Mais uma vez, a viagem seria decidida na base da caminhada, só que dessa vez a 4.200 msnm. A mochila que pesava 16kg se transformara em um saco de cimento que parecia pesar 50kg. Era a altitude mostrando suas garras me avisando que o oxigênio é oferecido em escala consideravelmente menor. Apesar de ter sempre vivido ao nível do mar e ter rinite alérgica, surpreendentemente não fui afetado com a altitude em nenhum momento da viagem. A falta de oxigênio é normal, mas não foi tão difícil a ponto de me deixar fisicamente limitado.

Terceiro dia de viagem, meio dia. Caminhando nas montanhas de Cochabamba.
Foi um dia absurdo. Quando saí do Brasil estava com tersol na vista, que foi piorando cada vez mais até que o inchaço era tanto que a pálpebra estava pesada e o olho ficava meio entreaberto. A altitude fez seu papel e a mudança de pressão fez com que o tersol abrisse, expelindo toda secreção da inflamação, e em meia hora de caminhada meu olho fechava normalmente e estava consideravelmente melhor.

Não tinha água, só alguns pacotes de biscoito na mochila, que nem inspiravam o gasto de mais alguns newtons para tirar a mochila das costas. A caminhada foi colossal. Quando soube depois quanto andei não acreditava, andei mais 23km nessa altitude! Foi incrível, eram centenas de pessoas subindo as montanhas, centenas de pessoas descendo as montanhas. Milhares de carretas paradas porque não havia como passar e pedras, pedras para todo lado.

O sol era mito forte e eu tive queimadura de altitude no rosto. Não adiantava tirar o casaco pois pegava o frio próximo de zero que fazia durante o dia. Meu maior receio era ter que passar a noite ali e pegar temperaturas próximas a 15 ou 20 graus negativos sem estar preparado para tanto. Finalmente consegui chegar ao final do bloqueio onde passavam táxis a cada meia hora.
Na curva que parei havia uma placa na estrada determinando a altitude: 4.496 msnm. Minha primeira atividade montanhista por assim dizer, e cheguei nessa altitude. Nem acreditava...
Descansei um pouco, e após tanto problema, ironicamente peguei um táxi que por apenas 100 bolivianos que foram divididos entre eu e mais dois bolivianos e que fez uma corrida de 150km até Oruro.

Lá chegando, na noite do terceiro dia de viagem, pela primeira vez peguei um hotel que custou 80 bolivianos, e tomei meu primeiro banho na viagem. Estava exausto, e conseguira meu primeiro descanso após caminhar no total 45km, sofrer com o tersol e as queimaduras no rosto. O extremo de minha aventura. Dormi feito pedra por onze horas.

Essa foi minha primeira atividade em alta montanha. Sem programar, sem idealizar.
Ainda bem que tudo deu certo, ninguém saiu ferido, todos se entenderam, e eu consegui sair de Cochabamba.

De lá pra cá, fiquei fascinado pelas montanhas e comecei a investir na compra de equipamentos, bem como programar subidas...
Minha trajetória de sedentarismo foi devidamente encerrada!