quinta-feira, 15 de agosto de 2013

domingo, 4 de agosto de 2013

A neve brasileira – Entre sessões de quimioterapia - parte 1

Em 2010 vi na televisão no noticiário das oito, em horário nobre, a chamada de 30 centímetros de nevasca no sul do Brasil. Meu queixo caiu, o mundo era diferente do que eu havia imaginado, registrar a queda da neve brasileira se tornou uma missão deste montanhista desde então. Não seria nada fácil, seria questão de meter a cara e apostar na precisão da previsão ou simplesmente dar sorte de uma super massa de ar polar avançar pelas terras tupiniquins. Deu certo após uma tentativa in situ no ano de 2011, naquele gélido mês de agosto quando eu, Pedro Hauck, Camila Reis e Máximo Kaush nos aventuramos no sul do nosso país. Tempos diferentes aqueles...

Em agosto de 2011 eu e Lili ainda não éramos casados, estávamos em acerto ainda do local e só tínhamos a certeza de que seria ainda naquele ano. Eu tinha saúde de touro mesmo depois de dezesseis anos sem fazer um hemograma sequer, tinha um emprego formal que adorava...Vixi, “muito era” e “deixou de ser”.

Minha terceira etapa de quimioterapia de consolidação se encerrou no dia 13 de julho quando recebi alta do hospital com apenas 37.000 de contagem de plaquetas e torcendo pra que não caísse mais do que isso, o que significaria uma nova internação para transfusão de plaquetas se a numeração baixasse de 20.000 pontos, procedimento padrão transfundir abaixo disso. O plano era ir ao sul de Minas Gerais com o Tácio e com o Pedro e registrarmos juntos mais uma viagem à mantiqueira em picos menos avantajados e quem sabe, se os céus permitissem, praticar um pouco de fotografia noturna.

A previsão do tempo mudou radicalmente, o que ao mesmo tempo me fez mudar de idéia sobre o destino além de cancelar definitivamente o sul de Minas, onde iria chover. Vi, novamente, sem acreditar em meus olhos, a notícia de que uma massa de ar polar muito forte provocara a nevasca mais forte em Ushuaia nos últimos não sei tantos anos, e que esta dita cuja chegaria a Serra Catarinense com força total na manhã de terça-feira e quarta-feira, dias 22 e 23 de julho consecutivamente, mas que a maior probabilidade de queda de neve seria na manhã do dia 22 mesmo. “Hmmm...é, se eu não for agora, posso não ter outra chance, é bom eu checar a saúde sanguínea antes.”

Ainda levantei a hipótese de mudança de trajeto com o Tácio, mas ele decidiu ficar pois tinha algumas tarefas à concluir com uma exposição fotográfica e uma viagem mais longa do que o programado iria atrapalhar suas datas, e o Pedro estava moendo pedra até a peido procurando as benditas Apatitas, que já viraram lenda no Paraná inteiro, sobrou este canceroso que vos escreve.

Dia 18 de julho fui ao laboratório perto de casa fazer um exame para saber se meus planos de viajar com um resto de aplasia seria possível. Mas, no caminho de volta, me sentindo forte e excitado o suficiente para culminar o Pobeda, pensei em quem poderia confiar a tarefa de me acompanhar, alguém que tivesse tino de companheirismo, de fotografia, de apostar na previsão e de ir tão longe por isso, e que tenha um certo desprendimento com agenda.

O primeiro nome que me veio à cabeça foi do xará Paulo Fabre, fotógrafo profissional urbano, que conheci em 2010 no atacama quando viajava pra escalar, e ele para fotografar, praticando um bocado de desprendimento com o dia a dia sacal das grandes concentrações urbanas onde vivemos.

Voltei no ônibus pra casa duplamente eufórico já que sabia que o Paulo não recusaria meu convite, pois curte muito o não planejado assim como eu. Mentalizei um resultado bom do hemograma e tratei de apressar o passo.

Cheguei em casa, abri o facebook para formalizar o convite e havia algumas mensagens aguardando a leitura, dentre estas, uma do próprio Paulo, que reproduzo abaixo juntamente de minha resposta:

Paulo C Fabre Oliveira Jr.
Bom dia xará... tudo bem? Sabe de alguém saindo pra algum lugar neste final de semana?
to desesperado... kkk

Paulo Roberto Felipe Schmidt
Cara
vc leu meus pensamentos
Vim no ônibus preparado pra te ligar
tá afim de viajar?

Paulo C Fabre Oliveira Jr.
to...
só falar quando e pra onde"


E assim foi nossa decisão. Em cinco minutos estava tudo certo e eu liguei pra Lili pra que ficasse despreocupada com o fato de eu viajar para tão longe sozinho e ainda saindo da aplasia da quimioterapia. Durante as próximas duas horas decidimos viajar um dia antes do programado, sexta mesmo, dia 19, e compramos as passagens de São Paulo até a cidade de Lages, distante apenas cerca de 80 quilômetros de São Joaquim, onde Paulo me disse ter família, inclusive sua avó, então teríamos local pra prosear, nos aquecer e dormir.

E olha só rapaziada que eu comprei as passagens e nem me lembrei de esperar a noite e com ela o resultado do exame de sangue...surpresa! Não boa, ruim.

Todas as contagens caíram. Inclusive de hemogloblobina, o que explicava minhas dores recorrentes de cabeça (cérebro privado de oxigênio no sangue, encefaléia, uma simulação forçada de caminhar a mais de 6000 metros estando a apenas 800 metros de altitude em São Paulo). As tais plaquetas? Uma vergonha, contagem de somente 19.200, situação de transfusão de no mínimo sete unidades de plaquetas ou uma aférese.

Não sou maluco mas, de sanidade também não tenho muito. Abri o notebook e atualizei minha planilha de controle de sangue (sim, eu faço uma, auto-didata é uma porcaria, um ano de tratamento e já se acha hematologista...) e cheguei ao número mágico de 36° dia pós QT (após a última infusão de quimioterapia), e foi neste mesmo 36° dia, em aplasia anterior na ocasião da segunda consolidação, que a contagem subiu espontaneamente, evidenciando o final gradativo da “onda” dos químicos.

Me tranquilizei. Liguei pra Lili, expliquei tudo e deixei a promessa no ar de que as contagens iriam subir e que, melhor ainda, a decisão de ir um dia antes e ter uma cama pra dormir seria a melhor coisa, minha medula ganharia 24 horas a mais para produzir algo. Eu estava contando com o ovo na galinha com prisão de ventre e cloaca. Sairia bom resultado disso? Apesar disso, fui honesto com a Lili em minhas palavras, como sempre.

Vai saber o resultado...

Por dentro estava muito apreensivo. Mas, o tino de montanhista dizia a todas as células de meu corpo que desta vez iria rolar a neve brasileira, e que se eu fosse pro hospital, receberia uma transfusão de aférese e minhas plaquetas passariam de 50.000 mas, perderia dois dias cruciais e com eles a nevasca na montanha que eu queria estar. Tinha de arriscar e evitar a qualquer custo até mesmo um esbarrão no abdome, já que isto poderia me causar uma hemorragia interna gravíssima e me colocar em uma situação de risco de morte no interior de Santa Catarina com centenas de quilômetros entre eu e um hospital que possua banco de sangue. De que vale a vida se não há aventura?

Pensei comigo mesmo: “Estou sobrevivendo faz oito meses, preciso viver um pouco, mesmo que isso signifique por só cinco dias, vou.”

Saí da internet e arrumei minha mochila aos poucos, com calma, tomando cuidado pra não tropeçar nem dentro de casa, o que tornaria meu esforço uma piada sem nem conseguir sair de casa. Bah...

Ninguém precisa ser hematologista pra entender o que eu falo, basta olhar a foto ao lado do exame onde aparece o meu sangue e o parâmetro normal, em hemoglobina eu estava funcionando a quase metade do normal e em plaquetas, já em patamar de transfusão, além do fato de estar neutropênico, com o sistema imunlógico ainda baixo demais pra ficar sem medo de pegar uma gripe. Que diabos...pra que serve esse negócio de sangue mesmo?

Sexta dia 19, o dia seguinte, Paulo chegou aqui em casa e em cinco minutos chamei um táxi e descemos com quatro mochilas rumando pro frio. Começou a aventura. Eu, por dentro, mentalizando a produção de sangue de minha medula a todo custo, esta preguiçosa imprestável que mais parece o povo carioca que arranja um monte de desculpa pra não trabalhar...Alguém me lembra onde eu nasci? Não é possível que tenha sido lá...

Na rodoviária nosso imaginário começou a trabalhar, e enquanto saboreava uma picanha com batatas fritas eu já celebrava o simples fato de entrar em um ônibus rumo a uma montanha, uma única montanha, várias centenas de quilômetros de casa, com a chance de fazer algumas fotos, passar frio e, sobretudo, me sentir vivo e produtivo. Nosso ônibus partiu.

Não posso dizer que as 12 horas que se tornaram 14 foram intermináveis porque, honestamente, não sei e não vi, dormi 80% do trajeto e valeu a pena, já que a viagem foi noturna e eu não teria vista mesmo. Assim que descemos do ônibus tratamos de comprar a passagem pra São Joaquim, o que significaria pelo menos oitenta minutos a mais de viagem, e mal tivemos tempo de beber um chocolate quente, pois o dito cujo partia em só dez minutos. Mais estrada...

Assim que chegamos em São Joaquim o tio do Paulo, o Zani Fabre, veio nos buscar na rodoviária. Não esperamos nem dois minutos. As piadas já começaram no carro mesmo. Sujeito bom de coração, bom de jogatina e de piadas, Zani nos levou direto pra casa da avó do Paulo que já nos recebeu com casa cheia e almoço na mesa, galinhada com polenta. Minha vergonha de ser visita dura pouco mesmo então fui me enturmando, cheguei chegando, e em minutos estava roubando batata frita da mesa do almoço, com um copo de suco que tendenciava a se encher de novo sozinho.

Papo muito bom, tudo muito certo e caloroso, o almoço se foi a passos largos, muita piada, gozação, e todo mundo curtindo nossa aventura que iria começar no dia seguinte, a família toda, que família bonita e divertida!

Com o decorrer do dia, aumentaram nossos compromissos sociais e daí pra frente entendi que o Paulo estava sendo modesto quando me disse que “tinha família em São Joaquim”. Caramba, a família quase toda mora na cidade! De fato, tem negócios pelas ruas de Lages e São Joaquim e vilas próximas com “Fabre” no nome hehehe. Sua família é nascida, criada e tradicional na Serra Catarinense, e além de tudo se dá muito bem com o frio. É engraçado, todo mundo tem fogão a lenha, todo mundo tem a mesma marca de aquecedor elétrico pro banheiro, e todo mundo tem coberta elétrica! (risos)

Em algumas horas de papo eu já sabia que a cidade tem problemas como qualquer outra, que sofre com tráfico de drogas e viciados pelas ruas, o hospital está capenga perto de fechar as portas, o Padre local é maluco a ponto de chutar caixão de defunto porque o fulano “não ia às missas”, que o cartório foi auditado e autuado ela Polícia Federal, e um monte mais de fofocas das boas. Tudo isso a um café quente bão e rosca típica da região, sem duplo sentido.

Terminamos o dia no meio de um churrasco na casa do Zani comendo picanha da diretoria e jogando dominó até onze da noite. O dia terminou, hora de voltar pra casa da avó e dormir.

Quarto frio, menos de dez graus, e coberta demais pra quem curte frio, chutei de lado e fiquei só com uma colcha, e com ela me aqueci noite afora até o dia raiar um pouco mais frio na manhã do dia 21 de julho. Neste dia, o almoço programado na nossa agenda era feijoada, e assim fomos...Casa do Zani de novo!

Nesse meio tempo a Bea me ligou (Beatriz Azevedo), a queridíssima Bea, dizendo que estaria em Urubici fazendo Off road e que talvez passasse lá aproveitando a proximidade pra me dar um abraço, seria ótimo! Então tomei a liberdade de passar o telefone pro Zani que tratou de dar latitude e longitude pra guria.

Infelizmente para a Bea, felizmente para nós (Ahahaha!), ela e os amigos não puderam ir, sobrou feijoada pacas. Nos preparamos “a fio para frio”, não esquecemos de nada e, pouco antes das quatro da tarde, pegamos a fiat que o Zani deixou sob nossa responsabilidade e partimos pra vencer os 76kms que nos separavam da pequena e pacata Urupema, que fica a 1.340 metros de altitude, encrustada em um pequeno vale por dentro da Serra Catarinense. Isolada, fria, mínima.



Por sorte, o tempo nos ajudou um bocado e quase não choveu, então a estradinha de terra estava fantástica, dando de dez a zero na estrada que sobe pro Parna Itatiaia. Só fizemos uma pequena parada na pracinha pra registrar com não mais que duas fotografias a estada ali e retomamos nosso objetivo, que era de montar barraca antes do pôr do sol. Isso iria nos garantir sossego e menos dor nas mãos montando a barraca a noite já sob o frio tenso que rola no morro.

O Morro das Torres, ou Morro das Antenas, é a primeira elevação a receber os ventos vindos do sul, Argentina sobretudo, e por isso provavelmente é juntamente do Morro da Igreja a montanha mais fria do Brasil. Lá, registrou-se nos últimos dez anos as temperaturas mais baixas de nosso país, sendo no inverno passado a mais baixa dos últimos quinze anos se não me engano, ficando em -8,8°C. É frio. Para padrões brasileiros ou não, pois sempre digo que o frio das montanhas brasileiras não é para brasileiros e para ninguém, visto que nossas montanhas são muito úmidas, e em especial o Morro das Torres, cujo cume inteiro é um charco só, então dá pra sacar o frio que faz ali, se seu isolante térmico for ruim, a morte por hipotermia é certa sem auxílio e resgate. Sem piadas.

A noite caiu e com ela um frio suave até então, estava nos 5°C positivos até a hora que tentamos dormir, lá pelas 21:30h. De fato, a entrada pra massa de ar polar estava reservada para as nove ou dez da manhã de segunda-feira. Depois de muito tentar, desisti da posição e mudei por completo, assumindo posição de ataque na guerra de peidos oficial, indo dormir com a cabeça pro final da barraca. Preparamos as botas no fundo da barraca pra evitar aquela tradicional serração de molhar tudo e posterior congelamento da pisante.

De nada adiantou, quando acordamos o lado do Paulo foi o prejudicado, pegando de frente os ventos suaves que bateram junto de chuva a noite toda. Então o fato de ele se encostar na barraca provocou o suor pra dentro, uma goteira, e onde ela gotejou? Dentro da bota dele. Nem tempero faltava, bastava colocar o ovo dentro e jogar a bota sobre o fogareiro. Páginas foram arrancadas de um livro cujo final nunca será lido, um saco plástico separado, e a espera começou.

A manhã veio obscura, cinzenta, as oito da manhã parecia noite. Mas, a barraca já estava coberta de sincelo, o popular “rime” (em inglês). Começou a chuva congelada e continuou sem parar quase. Nos deu uma trégua de cinco minutos e fomos pra fora fotografar, diversas pessoas já estavam no topo do morro de carro aguardando a neve que estava por vir, e eu não estava assim tão confiante. Tinha na cabeça ainda a visão de que tinha que estar mais frio pra nevar, e o relógio? Hmmmmm, o relógio...deixei ele sobre uma pedra deitado de lado pra não alterar a leitura, mantendo o sensor no ar já que a pedra é mais fria...

Oito e pouco da manhã:

Parofes: "Xará, vê aí qual a temperatura."

Paulo Fabre: "Pera...."

Paulo Fabre: "E...não dá pra ver..."

Parofes: "Como não dá pra ver?"

Paulo Fabre: "O relógio congelou."

Parofes: "Como assim o relógio congelou? Pera deixa eu ver..."

Parofes: "Vixi! O relógio congelou cacete!"

Comédia essa conversa intelectual. Como a temperatura não alterava, achei que as funções tinham ido pro saco junto do negão coberto com uma camada de gelo que o envolvia por completo, nem dava pra colocar no pulso porque não tinha como descongelar, só fervendo água. Deixei por ali mesmo, marcava -0,8°C.

Na pausa da chuva congelada de cinco minutos aproveitamos pra sair e ir até o carro resgatar as mochilas grandes com comida e equipamentos, mas não adiantou, o carro congelou! É molecada, nem dava pra enfiar a chave, tinha gelo na carroça e o cavalo foi se aquecer.

Começou a encher de gente a montanha, muita carreta subindo e descendo, e todo mundo gritava pra nós, acenava, ou nos fotografava. Gritavam perguntando se estava frio e eu dizia que não, mas que eles ali naquela caixa de metal de uma tonelada provavelmente estavam sofrendo.

Teve um cara que cercou o Paulo na beira da estradinha de terra e falou:
“Guri vocês não estão falando sério, vocês não posaram aí, montaram a barraca agora só pra contar estória...”

O Paulo respondeu: “Não, chegamos aqui noite passada pra fazer campana esperando a neve, de verdade”. Sério que só, nem um sorriso deu ahahahah

O cara deu de riso e acelerou o carro, não acreditou penso eu ahahahah...Acho que ele não notou as estacas de gelo dependuradas sob o carro de 15 a 20 cms de tamanho.

O que acontece é que, para muita gente, a cultura do montanhismo é algo longínquo, que só se vê na TV, lá na Ásia, e no imaginário muito curioso (ou não) destas pessoas, os montanhistas devem ter um aquecedor elétrico dentro das barracas e alguém pra massagear os pés e pizza delivery nos acampamentos altos. Só pode. O que estávamos fazendo era completamente normal pra mim e até mesmo pro Paulo que teve poucas experiências em montanhismo, e eu estava até meio triste por não poder subir a montanha a pé como faço, tendo que me contentar diante de minha bruxa baratuxa a subir o pequeno e modesto morro com o lombo sentado na mesma caixa de metal de uma tonelada. Que diferença...

A hora passou e eu fiquei frustrado deitado na barraca olhando pro lado de fora, começando a ficar com fome, e tomando conta da temperatura. Caiu mais um pouco pra -0,9°C, daí a mais meia hora marcou -1,0°C e começou a subir.

Subiu de volta pra -0,9°C, pra -0,8°C, pra -0,7°C, e daí pulou direto pra -0,5°C. Pensei “é, já era, não vai mais nevar agora de manhã”. Fiz um vídeo me lamentando. Era dez da manhã quando marcou essa temperatura e caiu o primeiro floco de neve, brancão, parecendo um grão de apatita (Ah?! Ahahahaha). Falei pro Paulo...



Parofes: “Cara, isso aqui é neve!” (e apontei pro floco que caiu na grama bem na frente da barraca, que não congelou pelo constante pisar e que não estava molhado como o terreno ao redor e, por isso, não derreteu o floco, ficou inteiro)

Paulo Fabre: “É cara, isso é neve sim!

Parofes: “Vamos sair da barraca porque não vai durar muito!

Paulo Fabre: “Vambora!

Parofes: “Tá nevando cara! Uhul!” (porque não podia faltar o bendito “uhul”)

Pulei pra fora da barraca e comecei a filmar e a fotografar andando feito um bêbado sem rumo, mas creio que estava mais pra uma criança que ganhou o primeiro carrinho de controle remoto da vida, tentando descobrir onde raios se enfia as pilhas na geringonça (no controle remoto moleque, enfia a bagaça no controle remoto!). Quem olhava sem dúvida pensava que eu nunca havia visto neve na vida.

Mal sabiam eles que, na verdade, eu não saberia se um dia teria chance de ver de novo...



Paulo saiu da barraca e começamos a fotografar juntos, nos abraçamos e o agradeci pela companhia, por estar ali comigo. Fiquei realmente emocionado de estar vivo, sentindo saudades da Lili e pegando uma nevasca em pleno Brasil!

Uns minutos passaram e mais pessoas vinham nos fotografar, curiosos pediam até pra fotografar minha barraca coberta de neve, uns fotografavam o carro, outros o Paulo, eu, o conjunto, só faltou pedir pra tirarmos a roupa e plantarmos bananeira sem semente, até que veio uma médica com umas amigas, me viu de máscara e perguntou o motivo. Eu contei, ela me disse que era médica e que eu não deveria estar ali. Respondi curto, mas sincero: “Você é que não me conhece, sei que não posso estar aqui, mas preciso estar aqui.

Daí veio uma guria com uma jaqueta colorida e um câmera man junto, e pediu pra me entrevistar já que o Paulo introduziu o assunto sobre a máscara. Daí pintou a entrevista que já está online...

Daí o que rolou? Ah certo, bem...conto na segunda parte semana que vem.

Vamos a algumas fotos...


Olha o exame maledito aí...



Deixando a casa do Zani...



A chegada a Urupema...



Visual bem bonito...



Panorâmica da chegada a Urupema, lugar bem bonito!



Primeira vista do Morro das Torres, encoberto. Bom!



Na estrada subindo pro Morro...



Eu montando a barraca, foto de Paulo Fabre.



Até Alcachofra teve pra janta!



O livro que nunca terá fim.



Ambiente fechado, máscara na galera. Minha proteção.



E agora José?



Passando o tempo, esperando a neve. De barraca aberta, o ar circula, sem máscara!



Tentando ser criativo de dentro da barraca.



Sincelo na barraca e na vegetação.



Sincelo pouco antes de nevar.



Dando a entrevista.



Paulo fotografando.



Panorâmica vista do topo do Morro das Torres.



Nevando no Brasil!



Minha barraca virou a sensação do momento.



Eu fotografando minha barraca. Foto de Paulo Fabre.



Neve no Brasil...



Casa própria nevada e transporte congelado!