quinta-feira, 24 de maio de 2012

CAMPANHA ARTE DO CLIMB

A nova promoção da 4climb “Arte do Climb” tem como objetivo deixar a criatividade dos escaladores fluir em cima do Chalk Block. A arte pode ser do produto com ou sem a embalagem.



Como participar da campanha:

1º passo – Faça uma arte em cima do Chalk Block da 4climb, a arte pode ser elaborado com o produto com embalagem ou sem embalagem.

2º passo – Tire uma foto de boa qualidade da sua arte.

3º passo – Envie a foto para o email 4climb@4climb.com.br com o seu nome completo até o dia 15 de junho de 2012.

4º passo – Nossa equipe irá postar a foto no Facebook da 4climb que estará aberto para que todos possam visualizá-las, curtí-las e compartilhá-las.

5º passo – O resultado será lançado no dia 1º de julho de 2012 e os ganhadores serão comunicados por email.

Facebook da 4Climb: https://www.facebook.com/4climb



Resultado e prêmio:
O prêmio será para as 3 fotos que obtiverem o maior número de “curtir” e “compartilhar” em nosso Facebook.
Os ganhadores levarão 1 BLOCK BOX (uma caixa de Chalk Block com 8 unidades).
O resultado das 3 fotos ganhadoras será divulgado no dia 1º de julho de 2012 no blog e no site da 4climb.

Mais informações:
(31)3023-5565 4climb@4climb.com.br www.4climb.com.br

sábado, 19 de maio de 2012

Japonesa de 73 anos chega ao topo do Everest e bate recorde

Uma japonesa estabeleceu neste sábado (19) um novo recorde mundial ao subir os 8.848 metros do Everest com 73 anos de idade, uma façanha que repete após ter chegado ao topo da montanha mais alta do mundo também em 2002, quando contava 63 anos.

Tamae Watanabe, oriunda da província de Yamanashi, no centro do Japão, empreendeu a escalada do último lance do Everest na noite desta sexta-feira (18) desde a altura de 8.300 metros e pisou seu topo nas primeiras horas deste sábado, segundo a agência japonesa "Kyodo".


Fonte (e continue lendo neste link): UOL - Japonesa de 73 anos chega ao topo do Everest

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Retomando a exploração do PNI – parte 2

Pois bem, na primeira parte deste relato você leu que eu e Tácio Philip saímos de São Paulo no dia quatro de maio rumo ao Itatiaia, no primeiro dia ainda adiantamos a subida da Maromba quebrando o grande desnível em dois, bivacando na primeira noite a 1.950 metros de alitude. No segundo dia subimos a crista do Pico do Maromba, descendo pela crista oposta e, além disso, culminamos o Pico Cabeça de Leoa e o Pico Cara de Gorila, estabelecendo nosso segundo bivaque a 2.220 metros de altitude no vale que separa estas duas montanhas. Vamos seguir adiante daqui...

Como disse no final da parte 1, quando acordamos no terceiro dia, a iluminação do sol estava belíssima no maciço inteiro do Leoa. Pura beleza da natureza com pinceladas de nuvens cirrus pelo céu do planalto do Itatiaia. Tomamos nosso café com bastante preguiça, esperando os raios de sol chegarem até nosso lugar de pernoite, contamos os metros pra ser sincero, a manhã estava gelada.



Assim que o sol chegou começamos a arrumar tudo pensando na dureza que seria carregar água necessária pros dias subseqüentes, pois não sabíamos se haveria água adiante. Assim, saímos com mais de 13 litros de água (somados) rumo a parte mais isolada da borda leste do Itatiaia, que na verdade é até bem próxima da civilização, com cidades bem próximas como Itatiaia, Penedo e Resende, todas visíveis do alto do planalto.

Lentamente vencemos a vegetação alta de floresta de altitude na base dos Gorilas, margeando sempre o enorme charco pra não ter que molhar as botas. Chegando ao fundo do vale, cruzamos até o lado oposto subindo uma pequena elevação que nos levaria até o topo de um morro que fica de frente pro final do maciço do Leoa. Chegando no topo dessa elevação tivemos nossa primeira vista completa do rochoso do Gigante Deitado.

É uma montanha de configuração um pouco diferente da maioria das outras do Itatiaia, que têm formato de morro ou pico piramidal. O Gigante Deitado é uma crista isolada por vales profundos dos dois lados, que na ponta mais alta tem seu ponto culminante em blocos de rocha. A altitude nominal da montanha é de 2.190 metros, no Google Earth o máximo que se encontra é de 2.181 metros e como isso varia muito no GE, as vezes até sessenta metros, a montanha pode ter efetivamente de 2.121 metros a 2.241 metros, só pisando lá pra medir.

Bem, no topo deste morro composto de diversos blocos menores de rocha, sentamos e fizemos um lanche antes de prosseguir, já estávamos um pouco cansados por causa do peso, mas nada demais. Dali víamos totens marcando o caminho de descida e obviamente decidimos segui-los, já que o caminho sugerido por eles nos pareceu coerente, além de bater com o trek que o Tácio tinha de sua primeira tentativa de chegar lá.

Descemos contra a vegetação alta de 60 a 70 cms de altura, ainda fácil de vencer. Seguimos os totens até o lado oposto do morrinho ali na frente de onde descemos, menor do que o que estávamos. Chegando do outro lado havia um pequeno vale pra ser atravessado, não era nada demais e a trilha até estava bem batida, atravessamos esse pequeno vale chegando na penúltima crista antes do Gigante. Esta crista é separada pela crista do Gigante por uma pequena crista no meio intermediária que é relativamente fácil de ser vencida.

Mas não foi tão rápido que nos demos conta disso. Seguindo os totens encontramos na mesma linha três deles, distante uns dos outros cerca de 15 metros. Então o caminho correto a seguir não estava claro.

Sabíamos que recentemente pessoas passaram por ali, coisa de dez meses atrás, mas isso não ajudava muito já que a parte é pouquíssimo freqüentada, e as chuvas mal acabaram, isso significava tudo maior e mais alto em termos de mata. E de fato estava, terrível. Só pra andar entre esses totens tínhamos que lutar contra o mato de 1,6m a 1,80m de altura, vendo o próximo objetivo por centímetros de altura. Dureza.

Tentamos começar a descida pelo totem do meio, beco sem saída, ficava cada vez mais difícil à medida que perdíamos altitude. Metro a metro pior. Voltamos e tentamos pelo da esquerda, comecei a descer uma possível trilha plausível, passando por uma falha entre duas rochas que sugeria um degrau perfeito pra descer, mas chegando no fundo dos degraus, uns 4 metros verticais abaixo, o chão não me parecia confiável, parecia sumidouro coberto por raízes e musgo. Fiquei com receio de prosseguir e disse ao Tácio pra subirmos.

Voltamos e cogitamos descer pelo totem mais distante, o da direita, mas chegar até ele iria demandar mais luta contra mato e as horas estavam passando. Estávamos usando muito o cérebro pra uma missão de puro trabalho braçal. Infelizmente só nos demos conta disso tarde demais.

Bom, ficamos desanimados, já que na esquerda, depois do totem, o Tácio já havia tentado ano passado e chegou a um abismo perigoso. Mas que coisa...Parecia não haver passagem a não ser brigando com a mata densa pós-chuvas. Eu desanimei, perdi o tesão, fiquei frustrado pois sempre que me pedem ajuda eu dou, até faço mapeamento de acesso com pontos georreferenciados tudo bem didático, e mando pra quem me pede. Dessa vez pedi ajuda e a resposta que recebi foi negativa. Difícil de acreditar quando a pessoa está sempre com seu GPS, mas tudo bem, ninguém é obrigado a ajudar se não quer. Direito é direito.

Aborrecido eu desanimei, mas mesmo assim Tácio decidiu tentar descer por aquele ponto onde eu desisti desconfiado do solo, e eu tentaria seguir umas rochas que seguiam para a direita saindo deste mesmo ponto. Lá fomos nós, pra última tentativa do dia. Enquanto o Tácio progredia com certa facilidade dentro da mata, eu consegui galgar por cima de blocos consecutivos de rochas, com pequenas cavernas sob meus pés, mas trinta metros para a direita cheguei a um beco sem saída, a rocha termina em uma parede de uns sete ou oito metros de altura. Voltei.

Quando voltei fiquei sentado no topo da rocha onde ficam os degraus orientando o Tácio por gritos, enquanto ele tentava chegar no outro lado do pequeno vale. Ele chegou!

Fiquei feliz quando ele lá chegou, mas ele não. Quando vislumbrou o que nos aguardava do outro lado ficou sem ação, o último vale era o maior desafio, com pelo menos 200 metros de profundidade e bastante inclinado, com mata muito fechada. Roubada da grossa...Começou a voltar e quando chegou onde eu estava me contou perturbado o que vira.

Naquela hora eu desanimei. Decidi abortar e fui sincero com ele. Ponderamos por vinte ou vinte e cinco minutos observando as encostas da montanha e enxergando trilha onde não existia, tentando confortar o coração montanhista. Que desgraça. Mesmo derrotados neste dia, o Tácio me convenceu de decidimos tentar na próxima manhã cedo, e a condição dada por ele mesmo é que se não conseguíssemos culminar o Gigante neste dia, voltaríamos por onde viemos. Isto era uma coisa que nem eu nem ele queríamos. Significaria caminhar mais 15 kms pra voltar com mais desnível pra subida e descida, já cansados destes três dias.

Preparamos nosso bivaque em uma posição nada confortável, mas com vista panorâmica pro Gigante. Mais aliviados pela decisão de tentar no próximo dia relaxamos um pouco e descontraímos fotografando o final da tarde com luzes bonitas no lado oeste do Itatiaia, fotos de silhueta do maciço oposto com raios de sol ultrapassando seus pontos culminantes. Além disso, fizemos vídeos e umas fotos bem bonitas do próprio Gigante, que nos seduzia mais e mais com a beleza de suas encostas florestadas bem verdes, e as nuvens de serração subindo rapidamente pelos flancos da montanha. Quanta beleza...



Preparamos nossa janta, dessa vez cada um fez o seu cardápio, conversamos um pouco e quando o sono bateu, o Tácio dormiu e eu fiquei acordado pensando no próximo dia. Pensando “poxa, bem que poderíamos encontrar uma trilha semi-aberta até o outro lado”, e coisas do tipo. Dormir que é bom nada, acabou que fiquei em uma posição meio ruim, muito inclinado, e escorregava muito, um saco. Tive que colocar a mochila contra um arbusto de mato pra que eu a usasse como “parede” pra me sustentar. A princípio parecia ter melhorado, mas no decorrer da noite constatei que não adiantou foi nada, resultou pra mim em uma noite em que dormi só uma ou duas horas.

Durante o tempo que fiquei acordado, a lua iluminava forte nosso hotel mil e uma estrelas, e volta e meia, assim como na noite anterior, pequenas gotas de chuva caíam do céu, pequenas o suficiente pra não preocupar, durava dez minutos e depois o céu ficava estrelado novamente. Ventou muito esta noite, muito mesmo. Em alguns momentos o vento atingiu com certeza 70 km/h, mas felizmente estávamos protegidos por arbustos altos de mato aos lados e atrás de nós, então isso não atrapalhou em nada.

Durante um certo momento da noite, entre três e quatro da manhã, pequenos cristais de gelo se formaram do lado de fora de uma das garrafas d’água, mas durou pouco, uns quarenta minutos. Então penso que a mínima nesta noite, por este curto intervalo de tempo, foi abaixo de zero, provavelmente –0.5°C ou algo assim.

Contei os minutos até o sol nascer, o que foi uma eternidade. Um frio de rachar o côco, e com preguiça de novo fomos arrumando tudo e preparando as mochilas pra tentar avançar pela parte que nos pareceu mais plausível, a descida em degraus até o solo sinistro que o Tácio atravessou sem problemas na tarde anterior.

Começamos a luta. Descemos no caminho mais possível que vimos, chegamos no topo da crista oposta de onde dormimos, e vislumbramos a crista do gigante na nossa frente, a apenas 300 metros em linha reta. O cume do Gigante estava a só 680 metros em linha reta, incrivelmente perto!

Começamos a nos esgueirar pela mata densa, muito densa. Resolvemos medir quanto desceríamos em uma hora pra avaliar a situação, já que o progresso era muito lento por causa das mochilas agarrando em tudo. Quando a primeira hora acabou perguntei ao Tácio a altitude, e só tínhamos descido 30 metros verticais. Inacreditável, muito, muito difícil a descida. Mesmo assim continuamos tentando, e depois de mais quinze minutos o Tácio chegou a uma parte que era muito inclinada. Eu tentei pela lateral me esgueirando por debaixo de uns blocos de rocha cheia de musgo e com cavernas logo abaixo, olha o perigo! Cavernas de quatro, cinco, seis metros de profundidade. Nada...

Por qualquer lugar que tentávamos, enfrentávamos o mesmo problema, um ponto sem retorno: Isso significaria que até conseguiríamos descer aquilo, mas sem poder voltar. Ou seja, descer um trem daquele sem conseguir voltar, já pensou se a parte onde descermos não tiver saída também? Ficaríamos ilhados do mundo, sem possibilidade de auto-resgate ou resgate, porque não tínhamos pelo menos quinze metros de corda. Que desgraça...Depois de outras duas tentativas abortamos já com escoriações diversas, e subimos de volta pro nosso ponto de bivaque. Só avançamos 200 metros em trilha e gastamos um total de 3 horas, deu pra entender a dificuldade?

Nessa hora estávamos putos, e fizemos um “vídeo relato revolta” da nossa desistência, e começamos o longo retorno. Antes de partir, dispensamos 80% da água que tínhamos pra reduzir o peso de retorno, ficando somente com o necessário pra chegar à base do Maromba ainda naquele dia.



Voltamos os dois pequenos vales, subimos a encosta da elevação que fica de frente pro maciço do Leoa e ali paramos pra um meio almoço. Transferimos peso das mochilas pras barrigas durante meia hora, colocando o máximo de energia pra dentro pra cumprir a longa tarefa da volta que não seria fácil.

Tínhamos três opções, voltar exatamente pelo mesmo caminho, que seria longo demais pro nosso gosto e disposição, subir o maciço do Leoa pra descer na outra ponta já no local de bivaque, o que seria muito desnível, ou ir margeando o maciço do Leoa do mesmo lado em que estávamos, sem ganhar altitude, mas que significaria lutar contra mato de novo. Foi o que escolhemos.

Nossa, que roubada...O mesmo local onde o Tácio passara ano passado, e estava completamente fechado por causa da vegetação alta. Lutamos e lutamos muito contra o mato, teve locais em que o mato elefante era tão alto, mas tão alto (cerca de 2,5m!), que suas folhas se entrelaçavam e mesmo jogando o peso do corpo não dava pra passar, nossa energia já era pouca, quase nenhuma, então só podíamos fazer uma coisa, virar as costas e tentar no mato ao lado.

E assim lentamente fomos passando, avançando e as dificuldades foram reduzindo, nosso ânimo foi aumentando proporcionalmente igual ao desprendimento de energia, e chegou um momento em que conseguíamos simplesmente desviar das florestinhas, mas sempre com o cuidado de não descer mais cinco metros que fossem, pois estaríamos pisando no charco. Continuamos e continuamos, passamos por várias nascentes que descem do maciço do Leoa, muita água que a natureza produz ali! Mesmo exaustos, começamos a desfrutar novamente da caminhada, tamanha a beleza do lugar.

Finalmente conseguimos terminar de atravessar o vale, chegando à encosta do Leoa por onde fizemos o ataque ao cume, dali foi só contornar a montanha até a seqüência de pequenas cachoeiras que descem do Maromba, 300 metros verticais acima de nós. Escolhemos um local de bivaque literalmente exaustos, até mesmo sentados ou deitados, sem nenhum esforço físico, nossas pernas doíam. Que empreitada boa viu...



Nesse dia resolvi jantar duas vezes pra compensar a queima de energia e massa muscular, a sensação é que queimamos tanto que não importava a refeição, não iria repor o gasto. Então comi o máximo que pude, nos livrando de mais peso. A noite veio e com ela o frio, agora estávamos no bivaque mais alto de todos a 2.320 metros. Fomos dormir pensando na batalha que seria contra nossos corpos ascender novamente o Pico do maromba. Só, literalmente só 300 metros verticais suavemente distribuídos em 1,3kms de subida suave, mas com tanta dor pelo corpo inteiro, sofremos por antecipação...kkk

A manhã veio, muita fria como sempre, e as dores no corpo pareciam infinitamente piores, então envenenei o café da manhã com dois comprimidos de dorflex pra aliviar as dores, as coxas doíam mesmo sem fazer nada! Lentamente e sem pressa comemos e começamos a arrumar tudo pra recomeçar a caminhar. Mochilas nas costas partimos com sensação térmica de pelo menos 0°C, com muito vento e tempo nublado, parecia ruim de vez dessa vez.

Engraçado, a subida do Maromba foi muito mais tranqüila do que imaginamos, e em pouco mais de uma hora chegamos ao topo novamente desta grande montanha brasileira. Nem paramos pra descansar, só fiz uma foto pro Tácio e continuamos a descida pra longa crista até o Marombinha, cume norte da montanha. Foi bem cansativa a subida do Marombinha, última subida efetiva, passamos direto também e descemos até encontrar a trilha da travessia, ali sentamos pra um lanche antes de descer os 1.050 metros verticais finais até o carro.

Cerca de 2,5 horas depois chegamos ao carro, era 13:20h, abatidos, cansados e sedentos de comida pronta e não de ter que cozinhar comida de montanha. O Tácio tirou uma foto final do gps marcando o desnível total acumulado. Algo aconteceu que o somatório não ficou correto no final, dando uma diferença entre subida e descida. Considerando que subimos e descemos pelo mesmo lugar, deveria ser muito similar, mas deu 2.561 metros de subida e 3.260 metros de descida. Que loucura! Isso explica as dores. A km andada chegou a quase 34kms.

Durante a descida, por volta de 1.800 metros, cruzamos com dois funcionários da ICMBio subindo com um radinho de pilha. Nos perguntaram se vimos um casal e continuaram a subida frustrados com nossa resposta negativa. Havia um casal perdido pelas bandas do Maromba. Isso é ruim, tomara que 1: Tenham sido encontrados/ 2: Isso não reflita em proibição da trilha.

É meus caros, se alguém planeja conhecer a borda leste do PNI, precisa ter disposição pra galgar algumas das montanhas mais altas do Brasil, lá não é como a parte alta oeste onde o carro pára a 2.380 metros no Abrigo Rebouças. Na borda leste, seja qual for a rota que você escolhe pra subir, o desnível do primeiro dia será SEMPRE mais de 1.100 metros verticais.

Não conseguimos nosso objetivo principal de culminar o Pico do Gigante Deitado, escolhemos a rota mais longa e cansativa. Da próxima vez teremos que escolher a rota alternativa direta, a crista da Serrinha que leva diretamente pro pico.

Para ler a primeira parte deste relato acesse: http://www.altamontanha.com/Colunas/3360/retomando-a-exploracao-do-pni--pt-1

Para ver mais fotos (Tácio), acesse www.tacio.com.br

Para ler o relato do Tácio, acesse: http://www.tacio.com.br/tacio/blog/2012-05-13T18-11-09_Pico_da_Maromba-_Leoa_e_Gorila---_mais_uma_vez.php

Abrazos!

Parofes

E as fotos...

Amanhecer no maciço do Leoa

Secando as tralhas. Foto: Tácio Philip

A linda borda leste e seu gigante charco

Parte fácil, onde dava pra sacar a câmera e fotografar, nas piores nem dava pra fazer isso

Tácio frustrado admirando o Gigante Deitado

Entardecer no Gigante

Últimos raios de sol na parte Oeste e mais turística do Itatiaia

Segunda vez no Maromba na mesma empreitada. Foto: Tácio Philip

Pequenina flor já ao lado do carro

Total caminhado, quase 34kms. Foto: Tácio Philip

Desnível acumulado. Alguma coisa foi medida errada, vai saber. Foto: Tácio Philip


Dessa vez não foi, quem sabe da próxima?

Parofes

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Retomando a exploração do PNI - Parte 1

A última vez que fui a uma montanha e pisei em seu cume foi com o Pedro no Morro do Canal de 1.340 metros de altitude em Curitiba, em março deste ano, com só 380 metros de desnível, e foi duro pra mim em plena recuperação de pneumonia. Antes disso, dormir na montanha estava quase sendo classificada como uma memória longínqua, tendo sido esta a noite que passei bivacando na Pedra das Flores na Serra do Lopo, a 1.700 metros de altitude em novembro do ano passado! Sete meses se passaram e a nova empreitada não seria fácil.

Diversos problemas de saúde consecutivos me forçaram a fazer um plano de saúde, primeira vez na vida. Nunca tive unha encravada na vida, uma recentemente me fez reavaliar o meu conceito de “dor”. A dor é efetivamente pior em extremidades do corpo onde a terminação nervosa é mais ramificada. A ponta do dedão do pé é “a ponta da espada”. Quem já teve sabe como dói. Eu tinha ido visitar a Beatriz no sul com a Lili e voltei quase me arrastando pra entrar no avião, na base de 3 comprimidos pra dor a cada 4 horas, me sentia o próprio Dr. House. Resolvi esse problema com uma mãozinha do Davi. Depois disso, um furúnculo na coxa esquerda. Mas que zica é essa!? Nunca tive isso também! Curado. Semana passada comecei a ter crises de labirintite, que também nunca tive antes. É um lance meio bizarro, eu ficava esbarrando em tudo em casa pois não tinha equilíbrio algum.

Resolvi fazer um check up geral e isso incluiu até corrida em esteira com eletrodos grudados em 12 pontos diferentes do meu tronco. Eletrocardiograma, hemograma completo (não fazia um há 20 anos!), urina, fezes, até ultra-sonografia de abdome farei em uma semana (motivada por umas dores abdominais diárias que ando tendo). Tudo parte do meu plano de ver como está a carcaça à beira de completar 35 anos em dezembro. Quem sabe, preparar-me para mais um desafio de altitude. Só o futuro dirá. Enfim, descobri que estou com anemia, com plaquetas a só 102.000 (normal a partir de 140.000), mas isso não adiou os planos.

Na última vez que eu e Tácio decidimos colocar em prática esse plano, ainda em Porto Alegre mandei sms pra ele avisando do dedo ruim, que não poderia ir com ele, adiamos até eu me recuperar. Dessa vez nem um exame de sangue desfavorável me fez ficar em casa. Tinha um grupo programado pra eu guiar na Serra do Mar Paranaense que deu pau, e seria meu retorno à montanha em um lugar que guardo no coração, infelizmente o tempo não ajudou e tudo foi cancelado. Agora, com a previsão boa, pro inferno com as plaquetas!

Tácio e eu planejamos ficar dentro do parque do Itatiaia por 6 dias e 6 noites aproximadamente, até conseguir nosso objetivo em comum, o Pico do Gigante deitado de 2.190 metros de altitude. Bastante tempo e dá, não dá? Que nada, furada...

Chegamos a Visconde de Mauá bem cedo até, e sem muita xurumela começamos a caminhar subindo pelo Vale das Cruzes, onde a direção do parque recentemente fez manutenção da trilha para reabertura da travessia, e ao mesmo tempo fechou o acesso por Maromba na cachoeira do escorrega, por onde já subimos anos atrás pra chegar em montanhas como o Pico do Maromba (2.621 metros), e Pico Cabeça de Leão (2.442 metros). Como já era tarde, logo começou a escurecer e continuamos na trilha com lanternas de cabeça ligadas. A trilha começa nos fundos de uma propriedade privada e o acesso é sem palhaçada nenhuma, sem perturbação, e com bom papo do caseiro Zé, que mora ali também, a 1.280 metros de altitude.



Logo após o encontro das trilhas que acontece a 1.950 metros, já completamente no escuro, encontramos um local bom pra dormir, onde por acaso já foi feita fogueira, não por nós é claro. Montamos nosso primeiro bivaque ali à luz do sol refletida pela Lua, que mais parecia uma lanterna impedindo que eu pegasse no sono com facilidade mais tarde. O jantar poderia ter sido melhor, levei carne seca e depois de 2 fervidas pra tirar o excesso de sal, deixei fritar um pouco e adicionamos arroz que o Tácio levou. Ficou meio seco, faltou algo a mais, preciso trabalhar nesse prato hehe. Talvez uma cebola refogada junto melhoraria o paladar.



Acordamos cedo, pouco depois das seis. Tomamos café da manhã, arrumamos tudo e começamos a caminhar. A idéia para esse dia não era fácil: Subir os 670 metros de desnível restantes até o topo do Maromba (que aumenta pra uns 720 com a descida do Marombinha), descer na crista oposta entrando no vale da borda leste do PNI, e lá ascender o Pico Cabeça de Leoa (ou Cara de Leoa) de 2.483 metros de altitude, e também o Pico Cara de Gorila de 2.351 metros de altitude, tudo no mesmo dia. Ufa!

Subimos, subimos, subimos...Logo chegamos ao Marombinha (2.425 metros), cume norte do Maromba, 200 metros menor que o gigante brasileiro. Continuamos galgando a crista do maromba de 1,3 kms que separa os dois pontos, e 75 minutos depois chegamos no alto dos 2.621 metros do Maromba, onde não paramos muito, só uns 4 minutos eu e uns 10 o Tácio, que chegou primeiro.



Começamos a descer a crista oposta e logo ali notei como a vegetação estava alta. Da primeira vez que passei ali, também com o Tácio, a vegetação era rasteira, com bastante caraguatás e matinhos que não passavam de 20cms de altura. Agora, no final das chuvas, tudo está alto, onde ali ficava no começo da canela, agora está ao joelho. Muita diferença!

A descida apesar de apresentar pouco desnível (400 metros verticais), é bem longa e se extende pela crista sudeste do Maromba por 2 kms. Parece pouco, mas com mochilas nas costas e em descida, é longo. Chegamos a um local único, um encontro de rios: da esquerda, águas de diferentes nascentes do Pico do Maromba descem formando um rio/ Da direita, águas de quatro ou cinco nascentes que descem do Pico Cabeça de Leoa formando o grande charco que é o vale e compondo um rio que encontra o do Maromba, os dois descendo pelo Vale do Pavão como um só fluxo de água. O Itatiaia é mesmo um lugar incrível...



Estávamos cansados, muito cansados. Resolvemos fazer um lanche e descansar um pouco ainda antes de subir o Leoa, objetivo meu e repetição pro Tácio. Depois de alguns minutos o Tácio disse: “Cara, vamos logo pro Leoa, o cansaço não vai diminuir mesmo”. Topei imediatamente e partimos deixando as mochilas ali mesmo, com 400ml de água cada um.

A subida é relativamente longa considerando que se subíssemos em linha reta seria 830 metros até o cume e outros 830 pra voltar. Seguimos os totens que margeiam a montanha na intenção de evitar o charco e maiores imprevistos, o que aumentou a corrida pra 1,55 kms pra ir e o mesmo pra voltar. O dobro de distância. Mais, o Leoa tem dois falsos cumes antes do mais alto, nossa, que chute no saco! O maciço continua com mais dois cumes após o mais alto totalizando cinco no total. Enorme massa de rocha o Leoa com quase 2 kms de ponta a ponta!



Onde deixamos as mochilas, a altitude era de 2.220 metros, então tivemos que vencer mais 263 até o cume do Leoa, 300 contando com as subidas e descidas dos dois falsos cumes. Vai somando tudo aí...

Descemos até as mochilas já exaustos. Matamos a sede, descansamos por mais cinco minutos. Mas peraí...o trabalho deste dia não estava concluído. Precisávamos ainda atacar o Pico Cara de Gorila (ou Cabeça de Gorila) de 2.351 metros de altitude. Novamente, objetivo meu e repetição pro Tácio. Até desanimou subir o Gorila, estávamos bem cansados já de tanto sobe e desce. Mas mesmo assim, colocamos as mochilas nas costas e começamos a subida tímida de 131 metros verticais até o cume.

Subimos, foi duro, duro e cansativo. A inatividade é mesmo uma mulher feia e enrugada vou te contar...De novo o Tácio chegou na frente e quando cheguei fizemos algumas fotos e deixamos um recado no cume. O registro do Gorila mostra como ele é uma montanha isolada e pra poucos, nos últimos 12 anos deve ter sido culminado dez vezes e olhe lá. É o tipo de montanha que você pode até perguntar aos guardinhas do parque (que eu e Tácio conhecemos) onde fica, e eles nunca ouviram falar, e olha que esses caras andam aquilo em treinamento e conhecem bastante do parque. Infelizmente, só conhecem mesmo a borda oeste do parque mesmo depois de treinar na borda leste. Sem perder muito tempo pois logo escureceria, começamos a descer a lateral da montanha em busca do lugar do nosso segundo bivaque.



Chegamos na borda do charco enorme que percorre todo o vale. Aliás, é o maior charco que já vi com 1,5 kms de extensão e 200 metros de largura, em média meio metro de profundidade, e o Tácio já atravessou ele com água na cintura. É muita água. Tudo naquela parte do Itatiaia é em proporções maiores que na parte oeste, mais turística com o Agulhas Negras, Prateleiras, Couto e Altar (divulgadas, mas na verdade existe mais uma dúzia de montanhas por lá). Ali, começamos a procurar um local pra dormir e logo encontramos, muito bom, com terra fofa, e seria a noite mais confortável de todas a só 18 metros de água corrente e limpa.

Dessa vez resolvi caprichar na nossa janta, já que o dia foi duro com muita distância e desnível. Feijoada somada ao arroz do Tácio. Agora sim, jantamos como gente grande...Aliás, só pra fins de curiosidade, só no segundo dia do total de cinco andando, o desnível de subida acumulado foi aproximadamente 1.150 metros verticais. A distância caminhada mais ou menos 9,8 kms.



Jantamos cedo, ficamos conversando até depois das 19:00h e o sono chegou também cedo, antes das 20:00h. O frio chegou rápido e a temperatura despencou com ele.

Dormimos. Acordei com o céu perfeitamente límpido, e um cenário em alpenglow do sol em todo o maciço do Leoa a Oeste do nosso bivaque, do outro lado do charco. Mesmo com muito frio pelo choque térmico que é sair de dentro do saco de dormir pros 3°C do lado de fora, saquei minha câmera e fiz algumas fotos. Com minha movimentação o Tácio acordou também e nem saía do saco com o frio. Perguntei pra ele: “Tácio, qual é a temperatura?”. A resposta foi: “Pera que vou ver....3,2°C, é, tá frio”. Fez uma foto do relógio. Dá pra entender que a sensação térmica era mais fria já que estávamos cercados de água, muita água. O inverno ainda nem está perto, lá na estação diariamente a temperatura chega fácil a reais –5°C.

Essa manhã começaria diferente pra nós dois, o peso aumentaria consideravelmente. Não sabíamos se encontraríamos água dali em diante então precisaríamos carregar toda água possível pra mais três dias completos incluindo consumo, café da manhã, e janta. Que porrada...Recolhi cerca de 6,5 litros de água e o Tácio 7 litros. Juntos tínhamos 13,5 litros de água e era tudo. Muito mais pesados (a partir daí minha mochila passou a pesar cerca de 20kg e a do Tácio uns 25kg - porra ele me disse que tinha comida pra 6/7 dias mas calculando bem tinha é comida pra 10 dias!), alimentados e de mochilas prontas, começaríamos o terceiro dia da jornada rumo à extrema ponta sul da parte leste, na tentativa de chegar ao topo do Pico do Gigante Deitado de 2.190 metros de altitude.

Continua na parte 2... Enquanto não sai a parte 2, babem na beleza destas bandas do PNI:

Local do primeiro bivaque, já arrumando tudo pra seguir pra cima


Na cota dos 2.100 metros, Tácio fotografando o visual


Eu na trilha, foto fo Tácio


Dá pra acreditar na beleza desse lugar?


A crista do Maromba e o pico ao fundo. Visão desde o Marombinha.


Tácio e a crista do Maromba e o pico ao fundo. Isso é que é montanha!


Descida oposta do Maromba. Imagem informativa (porque eu ajudo quem quiser conhecer!)


Subindo o Leoa.


Visual da subida ao Leoa. Destaque para Agulhas Negras e Pedra do Sino de Itatiaia no lado oeste do parque


Cume do Leoa. 2.483 metros


Visão impressionante do cume do Leoa. Pico Cabeça de Leão com seus 2 cumes em primeiro plano, logo acima dele o Pico Prateleiras, seguindo a crista nota-se a Pedra da Coroa, o Agulhas Negras, a Asa de Hermes e os picos sem nome.


Tácio e eu no cume do Pico cara de Gorila a 2.351 metros


Nosso bivaque a 2.220 metros na região do charco.


Alpenglow no maciço do Cabeça de Leoa e seus cinco cumes. Manhã límpida e fria.


Continua...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Dentro de um vulcão?

Você já pensou em entrar na pele de um vulcanólogo ou um sismólogo por um dia? Precisamente por 5 a 6 horas? Entrar em um vucão e poder vislumbrar suas entranhas literalmente? Agora isso é possível na Islândia! O turismo do país “gélido e infernal” conta com este peculiar roteiro de turismo, descer dentro de uma câmara magmática de um vulcão inativo. Bem, mesmo sendo inativo, eu pagaria pelo tour que já entrou na minha wishlist, você não?

Continue lendo minha última matéria no altamontanha: Dentro de um vulcão?