quarta-feira, 31 de março de 2010

Exposição fotográfica virtual - parte 2

Continuando...

Agora reduzi um pouco as imagens pra abrir mais rápido.
Aproveitei também pra testar um novo modelo de layout pro blog, não é definitivo, ainda está em teste.


Montanhas de Purmamarca - Argentina. Fiz esta de dentro do ônibus por isso não ficou muito boa.



Cratera do vulcão Licancabur - Bolivia.



Vista do cume do Cerro Vallecitos. Dá pra ver o Pico Plata, Cerro Plata, vulcão Tupungato, Quebrada de la Jaula e Aconcágua.



Rio Chimehuín. Junin de Los Andes - Patagônia Argentina.

terça-feira, 30 de março de 2010

Exposição fotográfica virtual - parte 1

Olá de novo!

Que pretenção hein? Eu fazendo exposição fotográfica?!
Não sou profissional da área, mas até que tenho fotos bonitas vai...

Agora que retornei da viagem cujo objetivo era o projeto Quanto mais melhor, tenho aproximadamente duas mil imagens para selecionar, marcar e postar. Já comecei o trabalho montando as panorâmicas que fiz. De 14 que tentei fazer, apenas três sairam ruins ou curtas demais então, boas para postar são 11! E olhem, ficaram demais!

As fotos serão postadas em tamanho full pra começar. O primeiro post fotográfico será com panorâmicas, vamos ver se fica legal.


Lago Nahuel Huapi - San carlos de Bariloche



Vista do cume do vulcão Lanin - Patagônia Argentina



Lago Potrerillos - Mendoza - Argentina



Vista desde o cume do Cerro San Bernardo - Cordon Del Plata - Mendoza - Argentina

segunda-feira, 29 de março de 2010

De volta ao Brasil il il il

E aí pessoal!

Cheguei ao Brasil após 70 dias de viagem. Era pra ser mais porém por motivo de força maior acabei voltando.

Fazendo um balanço rápido avalio como uma boa expedição. Tentei 4 montanhas e fiz cume nas 4. Tentei 5 vulcões e fiz cume em 4. Dá um aproveitamento de 88%, acho que está bom.

Assim ficou o histórico do projeto Quanto mais melhor:

Vulcão Lanin - 3.776 metros - Cume
Vulcão Villarica - 2.880 metros - Tentativa, descida por mal tempo
Cerro Adolfo Calle - 4.242 metros - Cume
Cerro Stepanek - 4.081 metros - Cume
Cerro San bernardo - 4.115 metros - Cume
Cerro Vallecitos - 5.435 metros - Cume
Vulcão Licancabur - 5.917 metros - Cume
Vulcão Aucanquilcha - 6.176 metros - Cume
Vulcão San Pedro - 6.145 metros - Cume em solo de bivaque

Enfim, voltei pra porcaria de São Paulo. É incrível como o trânsito, businas, carros, o barulho da cidade me incomoda agora, muito.

Assim que cheguei em casa larguei tudo e vim pra casa da lili, dei de cara na porta! Ela estava trabalhando e iria pra Itanhaém ao meio dia. Peguei as tralhas e lá fui eu! Passamos o resto do sábado e parte do domingo na praia relaxando e matando a saudade. Fomos com três amigos dela do trabalho, muito figuras por sinal. Já os conhecia.

Valeu a pena mesmo com mal tempo, fiz umas fotos bonitas e curtimos praia mesmo com tempo ruim, jogamos poker e fomos picados por mosquitos.

Agora voltamos, lili foi trabalhar e eu estou aqui na casa dela descansando um pouco, organizando fotos (tenho quase duas mil pra organizar), e sofrendo já da depressão pós parto.

Voltar de viagem é muito bom pra matar as saudades de todos, mas no segundo dia, só quero voltar pra aventura...que merda...

É isso aí, algumas fotos do final de semana brasileiro. Agora me dêem licença pois vou ao mercado comprar ingredientes pra fazer a MINHA feijoada!

Abraços a todos.

Paulo


Tempo ruim mas valeu assim mesmo.



Ele é brasileiro!



Ficou boa essa foto.



No Brasil vale tudo por dinheiro, até jogar a teia!



Srta Bang, Lili e Jú.



Este vagabundo que vos escreve.



A gatinha e eu, eu e a gatinha!



A mocréia.



Hora de voltar. Da esquerda pra direita: Ursinho puff (aka Full House), Jú, lili, eu e Srta Bang.

terça-feira, 23 de março de 2010

Segundo post fotografico San Pedro

Tai, post fotografico em apenas uma pequena expressao, espero que gostem. Reduzi a qualidade pra ficar melhor pra ver, assim nao abre muito grande a imagem e carrega mais rapido.


TECNOLOGIA


SOMBRA


POR-DO-SOL


LICANCABUR


ESCONDIDO


DEDICACAO


CERRO TOCO


CARENCIA


CALOR


ANTIGO

segunda-feira, 22 de março de 2010

Coisa de mochileiro.

E ai pessoal!

Eu poderia esperar mais um pouquinho e postar isto depois, mas rachei o bico de tanto rir com isso e resolvi postar logo.

Mochileiro sabe que sempre que para em um albergue, digo albergue mesmo porque hoje em dia tem hotel que diz que e albergue mas enfim, em albergue mesmo é permitido desenhar nas paredes e deixar seu recado.

Algumas pessoas se empolgam e fazem verdadeiras obras de arte, outros arte inutil, outros quadrinhos...

O que é engracado é que é a primeira vez que fico no dormitorio maior do La Florida aqui em San Pedro de Atacama, e desta vez observei as paredes...Nossa...rachei o bico...

Tenho que compartilhar isso, ai vai!

OBS: Meu onibus so deixa a cidade no dia 24 entao estou fazendo outras fotos pra um segundo post fotografico de San Pedro de Atacama- Chile.


ahahahahah a frase do cara é hilaria demais!





Olha o Brasil ai.



Esse é realmente bom! Quem fez deveria ser fa de Frank Miller.



Até o cachorro tem um projeto kkkk







Só rindo mesmo!!! kkkkkkk

domingo, 21 de março de 2010

Vulcao San Pedro - solitario e de bivaque - parte 2

Comeco a segunda parte com um video que fiz no dia antes de subir pro cume, ficou uma mensagem no ar! Quando se esta absolutamente sozinho em uma montanha enorme, com fome, sede, voce tem que ocupar seu tempo. De vez em quando sai uma perola dessas ahahahah...



A janta foi economica mas fui dormir bem, pelo menos eu achei que sim. A economia na comida e nos liquidos ja estavam me desgastando e eu nem percebi.

Acordei com meu relogio despertando as quatro da matina. Tempo perfeito, sem vento, temperatura de quatro negativos, logicamente menos frio que eu esperava pra 5.300 metros. Dormi mais ou menos bem, sem ansiedade pra escalada que e o que normalmente me acontece. Analisando mais tarde penso que dormi bastante ja pela deficiencia de meu corpo de algumas vitaminas, sais minerais, nutrientes e bla bla bla. Meu corpo estava cansado e me enviando um sinal.

Em vinte minutos estava pronto e meti a cara a tapa, comecei a ascensao ao vulcao San Pedro. Como eu ja esperava, o terreno nao ajuda. Pior, eu poderia jurar que ninguem passava por ali fazia tempo, nao tinha trilha nenhuma! Assim como na aproximacao nos dois dias anteriores, mas pelo menos nestes dias eu poderia seguir as trilhas deixadas por guanacos e vicuñas. Por serem animais territoriais, passam sempre pelo mesmo local, inclusive defecam no MESMO local sempre.

Conforme eu caminhava o tempo piorava. Nao havia nuvens no ceu, mas comecou a ventar um pouco e o frio ficava um pouco mais forte a medida que eu ganhava altitude. Fui subindo por puro instinto sempre mirando como objetivo o falso cume fazendo um zig zag, de vez em quando escorregando areia vulcanica abaixo mas nada demais.

Ganhei altitude, o frio aumentou. Olhei o relogio e marcava oito negativos. Ate ai tudo bem ja encarei pior que isso, mas o vento tambem aumentou. Nao era muito forte, porem suficiente pra eu sentir frio nas extremidades, meus dedos das maos estavam gelados nas pontas. Eu usava uma camada de luva de x-thermo da solo que sempre me ajudaram muito, sobre elas o meu par de luvas da B&D que sao muito boas. Nao era suficiente e agora analisando, entendo a razao.

Economizar na bebida e na comida me debilitou, nao percebi e claro e estava pagando o preco por isso. Meu corpo nao tinha energia suficiente para exercer as duas tarefas: Me aquecer durante a escalada e me dar forcas pra escalada propriamente dita. Como eu me concentrei 100% na ascensao, meu corpo dedicou a energia para as pernas e pulmoes. Muito mal...

Mesmo com frio, continuei a subir concentrado, feito uma maquina, na mesma passada, evitava parar para descansar pois e ai que o frio piora. Quando o relogio marcava seis da manha eu estava a 5.880 metros, tinha avancado 600 metros verticais em uma hora e quarenta minutos, muito rapido. Olhando a hora no relogio que estava pendurado na minha mochila pra evitar misturar temperatura ambiente com corporea notei que a temperatura caiu mais um grau, nove negativos.

Entao a situacao piorou, a quase 5900 metros de altitude eu estava com muito frio nas maos e pontas dos pes tambem, pois subi levando so minha bota de trekking salomon. Trocar de mao usando so uma com um bastao e a outra dentro do pluma resolvia mas momentaneamente. O tempo que durava o aquecimento da mao quando eu trocava foi reduzindo gradativamente ate que nao funcionava mais. A esta hora, seis da manha, tirei as duas camadas de luva e iluminei com a lanterna, a hipoxia somada ao frio e a minha deficiencia de bebida e comida eram visiveis, as pontas dos dedos estavam roxas, com baixa oxigenacao e geladas como um glaciar.

Fiquei em um impasse, opcao um: Cancelar a escalada? Isso me custaria descer tudo e tentar fazer uma fogueira pra me aquecer. Opcao dois: Tentar de algum jeito aquecer as maos e continuar, em pouco tempo o sol nasceria e estaria tudo bem?

Optei pela numero dois. Me sentei, fiquei meia hora colocando uma mao de cada vez dentro das calcas pra aquecer e reverter o inicio do congelamento. Fiquei nesse processo por meia hora, sentado ao lado de uma rocha que me protegia do vento. FELIZMENTE deu certo. Depois de meia hora ou 35 minutos, voltei a sentir melhor meus dedos das maos, estava muito mais confortavel. O sol ameacava aparecer no horizonte atras do San Pablo, por isso me levantei e voltei a subir.

E claro as maos voltaram a gelar, mas eu estava subindo ainda e o sol estava proximo, vambora Parofes! Em determinado momento eu nao pensava, ja falava em alto som. Estava sozinho mesmo, ninguem me ouviria! "Puta merda, esse falso cume nao chega, odeio falso cume caralho"

E claro, o humor ja tinha acabado eras atras (risos) mas continuei. Quando o sol despontou la no ceu boliviano era sete e quarenta da manha, eu estava a 5.970 metros perto do falso cume, estava ali, podia quase toca-lo! A chegada a este falso cume e miseravel, depois de subir a areia escorregadia por horas voce ainda assa por um interminavel trepa pedra pra chegar la...Nossa mae, nao acaba nunca!

Enfim, depois que o sol nasceu tudo mudou, me animei mais, as maos e pes melhoraram e voltaram ao normal (a experiencia de colocar as maos feito gelo dentro das cuecas nao foram nada boas kkkkk), progredi ate que la pelas oito e meia cheguei ao desgracado falso cume, exatos 6.125 metros de altitude. Via o cume ali, na minha frente, bastava atravessar uma "ruela" esculpida pelo vento e subir os metros finais por uma trilha que era a unica visivel em toda a montanha.

Descansei, peguei um pouco de sol, bebi uns goles de isotonico, fiquei ali sentado por vinte minutos observando a paisagem. Finalmente curtindo a escalada.

Me levantei e em dez minutos venci o trecho final que teria vencido em dois se estivesse em boas condicoes. Nos metros finais fiz um video chegando la. Pelos meus comentarios percebe-se como eu estava cansado e de mal humor depois do sofrimento pra chegar la. Fora dificil, sofrido, uma provacao. Cinco horas exatas de 5290 metros ate o cume a 6.145 metros. Video abaixo:


A chegada ao cume do vulcao San Pedro, 6.145 metros.



O cume ativo mais baixo.


Caiu a teoria pra mim de que a laguna do Licancabur e a mais alta do mundo. Esta ai deve estar a algo em torno dos 6050 metros de altitude! Era completamente roxa a agua, a foto nao da uma ideia legal e eu estava cansado pra calibrar camera, maos doendo ainda...


Deixei na caixa minha oferenda pra montanha, uma pulseira com as cores do Brasil.



Da uma sacada na minha cara no auto-retrato de cume kkk.


Pelo menos nao roubaram a caixa do Banco de Chile deste seis mil, acho que eu pulava dentro da cratera ativa se tivesse forcas pra la chegar ahahahahha.

Assinei o livro, li as assinaturas. Desde 2005 que la esta e so haviam umas vinte paginas completas. Mais ou menos uma ascensao a cada dois meses! Montanha esquecida, proibida, o que sera? Nao encontrei nenhuma assinatura brasileira.

Missao cumprida, comecei a descer. Quando estava a uns 5800 metros cruzei com um cara meio alemao, subindo sozinho tambem! Na verdade nao sabia se era uma pessoa mesmo ou se eu estava delirando, serio. Pelo menos agora com sol eu rendia melhor, em apenas uma hora de ski bota cheguei no meu bivaque. Estava cansado demais e ja desci decidido a juntar as tralhas e me despedir da montanha. Era o terceiro dia, tinha fome, estava incrivelmente fedido, precisando de um banho e uma refeicao quente. A unica coisa que fiz foi procurar alguma barraca ou bivaque do misterioso "alemao", nao encontrei nada. Tambem nao procurei nada bem viu...rs

San Pablo, fica pra proxima. Fui embora. Dormi antes por umas duas horas pra repor um pouco de energia, relaxar. Quando acordei ai sim, juntei tudo, joguei dentro da mochila com cheiro de chule mesmo e comecei a descer.

Longa, longa descida...Toda aquela aproximacao que me custou dois dias fiz de volta em menos de 3 horas, desci praticamente correndo. Nao pensei no que fizera. E meu transporte? Tinha acordado para o quinto dia!!!

Pra resumir o causo, tive que fazer um novo bivaque, desta vez la no antigo acampamento base, sem a menor paciencia e com roupas fedidas e saco de dormir fedendo a um chule quase insuportavel, pra pelo menos tentar uma carona no quarto dia pela manha, que seria hoje!

Ah o misterio: Evidentemente era um homem sim e nao uma miragem! Havia uma enorme van branca estacionada no base. Era do cara solitario que foi subir o vulcao.

Acordei tinindo as 5 da manha hoje, juntei tudo e como o AB e perto da estrada, so uns 800 metros, as cinco e meia estava la "dedando" tudo que passava. Nao custou muito por incrivel que pareca, algo saiu perfeitamente certo! Vinte e cinco minutos depois peguei carona com um furgao caindo aos pedacos de um boliviano que vinha pra San Pedro de Atacama, acreditem! Vinha encontrar uns conhecidos aqui que trabalham em uma agencia da cidade, devolvendo o carro (placa chilena) que fica indo e vindo atravessando em tours, etc e afins...Claro, dei um agrado. Joguei na mao dele dez mil pesos chilenos (uns 20 dolares).

Cheguei na cidade hoje pela manha, ja mandei uns e-mails dando noticias incluindo a Lili, o Pedro, amigos e minha irma. Em seguida fui na casa do Rodrigo cancelar a sua ida ate o vulcao pra me buscar. Projeto concluido! Agora comeco a voltar pra casa antes que a muie que me lance um projeto kkk.

Abracos a todos e mais uma vez, obrigado pela torcida!

Paulo Roberto - Parofes

Vulcao San Pedro - solitario e de bivaque - parte 1

Ao partir para esta montanha, originalmente, a ideia era culminar o San Pedro e o San Pablo em apenas cinco dias (um pra ir, um pra voltar, 3 pra escalar). Mas chegando la e depois de tanto tempo na estrada o ocorrido fica meio diferente do planejado, normal.

Paguei por um transporte com um figuraca de San Pedro chamado Rodrigo pra me levar ate a base dos vulcoes e me buscar no quinto dia que seria no dia 22 de marco. Porem, como combinado, deveria passar comigo por Calama antes pra que eu pudesse ir ao mercado (comprar provisoes aqui em San Pedro e carissimo), almocar e depois sim ir. Tudo seguiu como planejado e ele me deixou no antigo acampamento base dos vulcoes e partiu, prometendo de pes juntos voltar pra me pegar. Caso eu voltasse antes por alguma mudanca de planos minha, deveria passar em sua casa e avisa-lo.

Atualmente a ascensao aos vulcoes esta proibida, eu deveria pedir por permisso no vilarejo de Ollague assim como pedi para o Aucanquilcha, mas isso daria mais trabalho e o transporte seria mais caro do que ja foi. Fui sem permisso mesmo.

O acampamento base dos vulcoes e pequeno, um cercado de rochas enormes que garante uma bonissima protecao de ventos fortes dali, mas que so abriga umas cinco barracas, seis se forem pequenas. Alem disso, o terreno e forrado do que eles chamam de "campo minado", voce esta caminhando numa boa, de repente seu pe afunda em um buraco escondido. Trata-se de antiga mesa de jantar de um rato andino que come a raiz da vegetacao. So que para comer ele limpa o terreno ao seu redor fazendo uma pequena caverna. Tai o problema. E uma droga caminhar ali pois deveria ser bom, areia vulcanica bem macia...o problema sao as bombas (risos). Tirando isso e a completa falta de agua, tudo bem.

Este e o problema da ascensao aos vulcoes San Pedro e San Pablo, agua. Nao ha sequer gelo ou neve para derreter portanto se estiver planejando ir la, prepare-se para carregar muito peso ou sofrer as consequencias por nao levar.

Para minha aventura por la tomei duas decisoes que provavelmente culminaram na minha desistencia de escalar o San Pablo: Primeiro - nao levar barraca, fui de bivaque. Segundo - Peso minimo, o que acarretava necessariamente em levar pouca agua, substituindo a agua por isotonicos (gatorade e similares). Tambem acarretava em levar pouca comida e pronta, pois nem fogareiro levei.

Minhas provisoes para os cinco dias se limitavam portanto a: cinco latinhas de atum, duas das quais de 150 gramas pois vinha com salada, as outras tres eram somente atum, 80 gramas. Duas latas de uma batata concorrente da pringles, um saquinho de amendoas salgadas, dois saquinhos de amendoins salgados, dois sacos de queijo ralado (pra dar um diferencial no atum), finalizando com um pacote 1/2 kg de cereais açucarados. Para beber, eu tinha para os cinco dias duas garrafas de 1,6 litros de agua cada e cinco garrafas de meio litro de isotonicos de sabores variados. Era so isso.

Por que fiz isso? A resposta e simples, o roubo em Mendoza encurtou minha expedicao violentamente entao, sabendo que esta seria a minha ultima escalada da viagem, decidi fazer valer, pra fechar com chave de ouro o projeto Quanto mais melhor. Loucura? Nao. Me arrisquei? Um pouco sim, confesso. Mas, como diria a amada do Conan Valeria: "Quer viver pra sempre?!"

O vulcao San Pedro tem altitude confirmada de 6.145 metros acima do nivel do mar, tem dois cumes, o cume que é aproximadamente cem ou cento e cinquenta metros mais baixo é ativo, soltando fumarola constantemente. O cume maior é adormecido. O vulcao San Pablo, seu vizinho, tem 6.092 metros acima do nivel do mar tambem confirmados pelo mesmo projeto antes aqui citado 6000dechile e é extinto.


Este é o antigo AB pros vulcoes a 3958m.


De onde eu estava, no antigo acampamento base, a 3.958 metros de altitude, os vulcoes apesar de longe pareciam perto. Entretanto, me reservavam uma caminhada de aproximacao que eu nao havia avaliado corretamente, achando inocentemente que em apenas um dia conseguiria chegar a altitude de 4.900 metros e la estabeleceria um "bivaque base" de onde faria os ataques. Nao foi bem assim que rolou...

Em linha reta, a aproximacao ate portuzuelo e de 7,5 kms. Mas, contando curvas e tudo que normalmente se tem que fazer em uma aproximacao, isso sobe facilmente para 11 ou 12 kms. E muito pra se caminhar em um dia, carregando de 15 a 17 kgs (nao sei ao certo, o que importa e que estava consideravelmente mais leve que no Plata) levando em consideracao a rapida desidratacao que se sofre no clima local, desértico. Entao, eu tinha que ter cuidado e escutar a todos os sinais que meu corpo me dava, estava completamente sozinho por cinco dias. Pensava nisso sem parar.

Me despedi do Rodrigo as 16hs e fui embora, olhei para tras vendo seu 4x4 velho se afastar pensando "se esse cara nao voltar, estou roubado". Liguei os meus motores, me virei, olhei pros vulcoes e disse para mim mesmo: "Agora o assunto e só nosso."

Caminhei, caminhei e caminhei...A distancia parecia nao encurtar, a altitude mudava lentamente, uma desgraca so. Enterrei meus pes no campo minado diversas vezes...Por isso as vezes tinha que mudar de rota saindo da areia confortavel para as rochas, o que piora a caminhada.

Quando deu 19:30hs eu ainda estava a 4.450 metros e os vulcoes ainda pareciam distantes...Como pode? Olhei o GPS, tinha caminhado em linha reta somente 3kms mas parecia muuuuito mais, isso significava que tive que fazer muitas curvas. Decidi procurar meu primeiro lugar pra bivacar. A minha frente, um corredor natural de passagem se acentuava com rochas bem grandes, isso significava uma boa protecao contra vento e frio. Ali seria minha casa por um dia pensei, comecei a procurar onde dormir.

Por sorte (pra me poupar trabalho) nao fui o unico com a ideia de bivacar ali, encontrei uma rocha grande com um cercado de bivaque pronto, sequer tive que trabalhar coletando rochas! Que otimo pois estava cansado...O problema é, nao planejara gastar uma noite a mais na aproximacao! Mesmo nao planejando, era impossivel prosseguir noite afora no frio pra chegar a altitude que queria la pelas dez ou onze da noite, seria desgastante demais. Preparei meu isolante e saco ali mesmo a 4.480 metros de altitude.


Meu bivaque a 4.488m, a foto nao ficou muito boa...



Um video que mostra o ceu!


Hotel um milhao de estrelas. Minha noite foi fresca (minima de confortaveis 3 graus) e absurdamente estrelada. Fiquei olhando as estrelas e escutando musica ate cair no sono, depois de matar uma das minhas latinhas de atum com queijo ralado e alguma batata. Para beber, meia garrafa de isotonico.

Acordei tarde, quase oito da manha. Me arrumei rapido e as oito retomei a caminhada depois de um pouco de sucrilhos sem leite. Leite pesa na mochila kkk.

Andei, andei e andei mais...O sol torrava o couro forte...Quando era perto de meio dia eu estava na base de uma gigante rocha que se partiu com o passar dos anos (exatamente como os castelos do açú) a mais ou menos 4.900 metros. Parei ali para uma refrescada com agua e pra resolver assuntos fisiologicos e claro. Aproveitei pra filmar a paisagem...


A canaleta que leva a portuzuelo. Terreno miseravel...rs


Como ainda era cedo, resolvi ganhar mais altitude pra facilitar meu ataque aos vulcoes, la fui eu em direcao a canaleta de moraina que leva a Portuzuelo. Que desgraca de terreno (pra subir)...Com paciencia se chega la. A passos de tartaruga venci metro a metro e la pelas 14 ou 14:30h cheguei a 5250 metros, ja no portuzuelo no meio dos vulcoes, delirei pela paisagem desolada e pela solidao completa que sentia...Pensava (serio mesmo!) assim: "Esta é a ultima escalada da viagem Paulo Roberto, faz direito e vc volta pra casa pra lili e pra comidinha da Oma".


O falso cume do San Pedro (esquerda) e o cume menor ativo.


Ainda com a mochila nas costas que por sinal incomodava pra cacete, procurei por um lugar pra montar meu bivaque que seria necessariamente mais frio. Encontrei junto a montanha uma enorme rocha que me protegia estrategicamente do vento. Ali mesmo a 5.288 metros montei o bivaque e o resto da tarde fiquei pensativo, escutando musica, observando o vulcao e as mudancas de vento, considerando o movimento da fumarola do cume ativo do San Pedro, minha primeira investida.


Meu futuro bivaque!



Meu bivaque a 5.288m já pronto. Ao fundo a direita o San Pablo.


Me sintia bem cansado, definitivamente nao sou pra carregar peso, mesmo que nao seja muito. Pior, em clima desértico...

Fui dormir por volta de 21h, fazia pouco frio, 1 grau positivo.


O enorme vulcao Paniri (5.920m) visto desde Portuzuelo.



E esta foi a janta antes do San Pedro no dia seguinte. (so comi uma latinha, tinha que economizar!


Continua na parte 2.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Nevado Aucanquilcha - parte 2

Acordamos com uma preguica enorme...Fazia frio fraco de zero grau. Mesmo assim, sem opcao de escolhe la fui eu de novo pra fora pra emagrecer um pouco, comum pra mim ahahahah

Tomamos cafe ali mesmo na estrada, calmamente. Nosso plano era aproveitar a aclimatacao e nao se torturar muito com o frio, escalando ja com sol. Por isso terminamos o cafe as nove em ponto. Comecamos a subida as nove e quinze.

Absolutamente sem pressa, curtindo o visual e o sol constante, fomos progredindo sem pressa. A rota que pegariamos era a propria estrada ate onde desse, saindo dela para a esquerda assim que necessario. Seguimos o plano a risca e na cota dos 5700 metros saimos para a esquerda onde a linha da neve comecou.

Havia bastante neve ate, cerca de dez centimetros a vinte. Porem, em alguns pontos chegava a meio metro. Fiquei surpreso pois nao esperava tanto. Quando olhei a montanha pela primeira vez observamos a parede sul (foto na parte 1) e como a rota normal e pela parede norte, esperava quase nada, me enganei!


Christian na linha dos 5650 metros.


Na primeira parte eu disse que a mina ficava a 5600 metros, mas isso e a informacao que o wikipedia da. No GPS verifiquei que a mina ficava a 5800 metros de altitude, realmente uma altura excepcional para se trabalhar. Imagino como deveria ser duro o trabalho por la, pior, tendo que sentir o cheiro de enxofre durante o trabalho. O Aucanquilcha e um vulcao considerado ativo, volta e meia a fumarola acorda e faz fogo o que nao aconteceu desta vez.

Pois bem, na mina resolvemos colocar crampons pra ter mais seguranca e prazer na escalada e claro. Combinamos outra coisa tambem, sempre manter uma certa distancia um do outro de 25 ou 30 metros, isso facilitaria as fotos espontaneas. Sempre que desse na telha, um fotograva o outro. Tem coisa melhor? Acho que noventa por cento das fotos ficaram lindas...

Nao existe dificuldade tecnica grande na escalada da montanha pela rota normal. Em algumas partes a inclinacao chega a 50 graus, nesses pontos e importante fazer o tradicional zig zag pra nao se cansar muito evitando assim que a bota maltrate os pes, sempre alternando a posicao do piolet pra parte mais alta da montanha e obvio.

O engracado e que justamente nas partes mais inclinadas havia mais neve. Que coisa, parece um jeitinho da montanha de te colocar a prova. Ainda bem que minha boa aclimatacao me deu forcas suficientes pra subir sem nenhuma dificuldade, nenhum contratempo, nada.

Avancavamos com grande facilidade, curtindo o visual sempre que paravamos por um ou dois minutos, ja com vista pro Salar de Uyuni e montanhas bolivianas bem proximas!


Christian avancando por uma pendente de uns 40 graus. Altitude aprox 5870 m.



Acreditem, foto espontanea! Ao fundo o vulcao Coska levemente nevado(Bolivia).


Um video desta parte:



A essa hora fazia calor, uns 3 ou 4 graus positivos. Por isso estou sem luvas. Raramente estou assim pois sinto muito frio nas maos e orelhas. A balaclava estava la e claro kkkk. Continuamos depois de uma parada pra uma barra de cereal e ver as fotos! Eu estava o tempo todo com a maquina do Christian e ele com a minha. Isso facilitou muito as coisas...

Quando chegamos na cota dos 5950 metros a montanha mudou novamente. A frente viamos um anfiteatro belissimo que proporcionaria facilmente varias vias de escalada em rocha de quinto ou sexto graus. Nele havia algumas pequenas cascatas congeladas. Pequenas demais para serem escaladas mas o visual era lindo.

Ali tivemos que virar para a esquerda para contornar o paredao aproximadamente quinhentos metros adiante. Neste ponto a neve estava forte, algumas vezes eu pisava e meu pe afundava ate o joelho, duas vezes foi ate a coxa!

O video abaixo mostra esse pedaco, e o Christian ainda me sacaneava no final dizendo que estava facil kkk. Pior e que ele virou a camera durante a filmagem ahahahaha



No video e possivel ver a esquerda da tela o paredao, e a rampa de gelo logo a minha esquerda tinha muita neve, afundavamos ate a coxa e por isso contornamos proximo as pedras onde passo, onde a neve se limitava a ficar nas canelas.

Passamos por ai, uma rapida parada de uns 3 minutos pro descanso e continuamos. Avancamos muito, muito rapido levando em consideracao que comecamos a caminhar a 5150 metros e depois de apenas 3 horas estavamos a 5950 metros. O cume estava proximo e queriamos garantir chegar la cedo para descer cedo e conseguir chegar a San Pedro antes do por do sol.

Demos a volta contornando o paredao de rocha, e quando chegamos la na frente, ja a seis mil metros, atras de nos estava um cume dos quatro da montanha. Desinteressados por ele, passamos direto, contornando a direita ja vendo a rampa final para o cume que agora estava bem proximo.

Agora tudo que nos separava do cume era a rampa final, uns 500 metros de rampa que ganham so os 170 metros finais ate o cume, ai estava um pouquiiiinho cansado, mas nada de segredo, e so se concentrar nas passadas como um relogio e evitar paradas.


Eu a aproximadamente 6050 metros, quase la. Atras de mim um dos quatro cumes.


A essa altura a neve nao era fofa, e claro pela altitude e maior incidencia de frio, a neve nao derrete facilmente, se torna gelo. Caminhar ai estava mais dolorido para os pes mas melhor para estabilidade, no video e possivel ver o visual animal que se tem quando se esta proximo ao cume:



Sem muita demora, apos exatamente 3h e 59min chegamos ao maior cume do nevado Aucanquilcha, a 6.176 metros. O engracado e que o GPS marcava 6.169 metros e depois de vinte minutos olhei novamente e adivinhem? Marcava EXATAMENTE 6.176 metros.


Christian no cume feliz com as fotos que fiz pra ele.



Eu e minha gravata no cume: 6.176 metros, setimo cume da viagem.


Agora a parte triste. Estava louco pra assinar o livro de cume. Onde estava o livro? Cavamos quase um metro de gelo e neve no contorno das pedras que marcam o cume, nada, andamos ao redor cobrindo uma area de uns 25 metros quadrados furando o gelo e nada...Christian me disse que as vezes andinistas meio farofas roubam caixas de cume. O lance e enviar uma mensagem ao Banco de Chile avisando que a caixa fora furtada. Eu queria muito assinar e ver as assinaturas! Uma pena...Depois de uma meia hora procurando desistimos.

Completamos a sessao de fotos e comecamos a descer. A descida e claro, muito rapida. Em apenas 55 minutos chegamos no carro, pe na estrada de volta a San pedro. Incrivel, foi chegarmos na marca dos 5600 metros e o tempo mudou acima, o ceu ficou negro e nevava no cume. Sorte!


Chegamos a San Pedro depois de longas seis horas de carro. Fiquei de novo no La Florida onde ja fui recebido com farra pelo pessoal que la trabalha, felicitaciones daqui e dali, tomei um banho e sai pra comer meu tradicional lomo comemorativo!


Nao ha nada melhor que escalar com equipo proprio (ponto final)



Comparem as fotos de cume com esta. Incrivel, tempo mudou em vinte minutos.


Valeu!!!