quarta-feira, 22 de abril de 2009

Eu, o condoriri, os animais, e mais ninguem!

Apos a investida que me deixou um bocado pra baixo no Condoriri, o Pequeño Alpamayo e o sonho postergado, voltei ao Condoriri 3 dias depois, sozinho. Literalmente!

Nao havia ninguem no acampamento base, nao havia ninguem indo e vindo, os donos das lhamas, ovelhas e mulas estavam dentro de suas casas...So eu. Perfeito.

Combinei com um taxista me pegar no albergue as 7am, me levar ate Tuni, me esperar e depois me trazer de volta. Tudo isso por 400 bolivianos. Caro? Acho que nao...mas isso e so um detalhe.

Acabou que o cara se atrasou por uma hora, so me pegando as 8am. Tudo bem, consegui por isso um desconto de 30 bolivianos, simbora.

Dessa vez, nada de guia, nada de cozinheiro, isso e luxo demais. Queria contato 100% com a natureza. E consegui.

A intencao era o Cerro Austria, uma montanha bela bem ao lado da Asa esquerda (olhando da trilha vindo de tuni) da asa do condor. Suas rochas negras me chamaram muita atencao e ontem a tarde pensei: "por que nao?". E isso ai!

Pedi informacao ao Erwin, o guia que me levou ao Tarija, sobre a trilha. Ele me deu todas as dicas e assim sendo, fui munido de informacoes valiosas pra atingir o cume da montanha. So um detalhe, mudei a rota. A trilha tradicional comeca no acampamento base mesmo, mas fiz diferente, comecei com um ataque frontal. Assim enfrentaria mais desnivel mais rapido, ganhando altitude rapidamente sem ter que contornar toda a laguna, acredito que com isso economizei uma meia hora ou quarenta minutos, visto que o trekking de Tuni ate o AB custa cerca de duas horas a duas horas e meia.

Pois bem...rapidamente ganhei altitude frontalmente, a montanha cresceu nos meus olhos e pensei "ops, melhor cruzar com a rota normal" he he he e o fiz. Virei levemente para a direita e depois de mais uns vinte minutos encontrei a rota normal e a segui.

Nao ha grande dificuldade no Cerro Austria, e uma montanha facil. O unico problema obviamente e a altitude, e a maldita falta de oxigenio, fora isso, com calma se chega la.

Em apenas uma hora cheguei a base da montanha, bem entre a montanha da direita e o Austria. Descansei por uns dez minutos olhando as biscatyjas (tipo de coelho selvagem com rabo de esquilo! Nao sei se esta escrito correto) indo pra la e pra ca como se estivessem absurdamente ocupadas...rs

Levantei e segui adiante. Depois de mais uma hora cheguei ao ponto mais culminante dessa trilha, que e a divisa entre os dois vales, o vale do Condoriri e o Vale bem a frente da cabeca do Condor. A visao? Simplesmente inacreditavel...sensacional...Mais dezenas de cumes, e a montanha imediatamente a frente tem a cor das rochas quase azulada! A geleira ao pe do Condor e linda demais, com incontaveis gretas...

Virei a esquerda e pude ver a continuidade do caminho. Faltava pouco, o relogio ja marcava 5.150m, ajustei quando cheguei a Tuni pra ter precisao na medida do pico, ja que nao encontrei uma referencia exata de sua altitude.

Dali pra frente so foi alegria, quando passei pela placa dedicatoria ao Keith vi que estava perto. Levei so mais 40 minutos ate cume! Ha dois totens, um de rochas quadradas uma em cima da outra, so uma meia duzia, e o maior que marca o cume propriamente dito, tao alto quanto um homem baixo. Fiz minha parte e coloquei mais uma pedra!

Comecou a nevar nessa hora pela terceira vez, e o frio foi forte, -7 graus. Tirei algumas fotos, virei as costas e desci pois o tempo estava muito ruim mesmo.

Levei duas horas de trekking ate o AB, mais duas horas e cinquenta minutos ate o cume, e somente cinquenta e cinco minutos pra descer da montanha, entrando novamente na trilha para pegar meu taxi que me esperava no vilarejo.

Foi uma experiencia sensacional, renovadora! O cume apontou no meu relogio 5.315 msnm, vou considerar essa como sendo a altitude. Se alguem souber a correta pode me avisar!

Quando estava na trilha comecou a nevar pela setima vez, e dessa vez forte, com muito vento. O frio foi pesado e coloquei todas as minhas protecoes. Felizmente durou pouco, so uns dez minutos, porque a tormenta vinha no sentido do Condoriri, e eu indo no sentido de Tuni. Forcas contrarias...

O pior de tudo foi ter que ficar empilhando pedras ou armando o tripe pra bater as fotos...fora isso, tudo perfeito!

Bem, quase tudo. Esqueci de um detalhe: o transporte. Combinei com um cara certo? O cara se atrasou e quando chegou veio de Vitara! Quando olhei meu primeiro pensamento foi "hmmm, carro bom!". Depois de alguns minutos me dei conta de que isso nao era bom, carro bom significa muitos cuidados com o carro. O cara era completamente cheio de dedos com o carro. Qualquer buraco, por menor que fosse, ele praticamente parava o carro. Aff...ninguem merece. Na volta entao tive que ameacar nao pagar tudo pra que ele passasse de 60km/h, porque eu estava literalmente morrendo de fome...So entao ele passou a terceira marcha...

Bem, e isso ai...sem muita demora: PROJETO CONCLUIDO! Vou pra casa porque minha mulher ja esta quase me dando um aviso previo he he he

Cerro Austria. Macico do Condoriri.
5.315 msnm
Temperatura no cume sem vento: -7 graus.

33.252 metros, projeto concluido!

Abracos a todos! Vamos as fotos:


Eu a caminho de meu objetivo (marcado na foto)



Na frente da laguna e ao fundo a geleira que acabou comigo he he he



La cumbre! 5.315 msnm



Sinal do Parofes!



A altitude.



Bela vista do cume, mesmo com nevasca



O segundo totem.

domingo, 19 de abril de 2009

Uma conquista, um fracasso.

No mundo do montanhismo, os protagonistas que sao os montanhistas precisam encarar sempre na sua vida na montanha aquele terrivel momento "Vou voltar porque nao da mais". Acabei de passar por isso.

Combinei com um guia local de La Paz (excelente por sinal) de fazer uma investida ao Tarija e Pequeño Alpamayo. A investida seria rapida tambem, com apenas uma noite de acampamento na base do macico do Condoriri, a 4.700 msnm. Aluguei a bota plastica da ASOLO e um par de crampons e vamo que vamo.

Ele me pegou com o transporte ontem cedo e de cara tive uma surpresa, ele estava levando o proprio cozinheiro! Nao combinei isso, mas ele me disse que nao queria ocupar a cabeca cozinhando e sim me guiando profissionalmente e com qualidade, tudo bem. Tomamos nosso rumo para o vilarejo de Tuni, que fica a 4.448 msnm. De la fizemos o trekking ate o AB de mais ou menos cinco quilometros.

Chegamos, montamos acampamento, tirei dezenas de fotos daquele lugar maravilhoso, de animais, formacoes rochosas, das lagunas e claro, lindas demais...e quando foi 18h nos recolhemos para dormir, pois comecariamos a investida as 02:00h (madrugada).

Obviamente nao consegui pregar os olhos nem um minuto. Estava super excitado pela chance de escalar o Tarija e o Puequeño Alpamayo! Isso ja foi um erro. Na hora do cafe da manha, outro erro. Nao quis comer nada, so bebi dois copos de cha de coca, nao pra aclimatar porque ja estou muito bem aclimatado, mas porque adoro o cha.

Muito bem, me levantei meia noite sob um frio dentro da barraca de apenas 1 grau. Me preparei, vesti tudo e sai para ficar olhando o ceu absurdamente estrelado no frio de -4 graus, ate ai tudo bem...he he he

Quando eles se aprontaram, seguimos pela trilha na madruga, com lanternas de cabeca. Apos um trekking de aproximadamente uma hora e meia chegamos a base da geleira do Condoriri, que leva ao Tarija e ao Pequeño Alpamayo. Coloquei o segundo par de luvas, a balaclava, os crampons, empunhei meu piolet (emprestei o outro pro cozinheiro), coloquei a cadeirinha, mosquetao, nos cordamos os tres e comecamos a subida.

Segundo problema, a bota plastica. Maldicao de bota! Eu usava dois pares de meia profissional para alta montanha que comprara no dia anterior, e mesmo assim elas me machucavam muito as canelas e panturrilhas. Tudo bem, continuamos. Adotei o esquema meio que carangueijo, andando meio de lado para amenizar a dor na escalada.

Tudo piorou quando contornamos uma greta gigante e a inclinacao da geleira passou a ser de cerca de 60 graus. Foi duro, mas delicioso escalar...Nao para por ai, comecou a ventar, e aquela neve poeira corria pra todo lado...A temperatura comecou a cair.

Depois de tres horas escalando a geleira, os tres cordados, desviando de gretas enormes, lindas e mortais, senti meus dedos congelando, olhei para o relogio e ele marcava -14 graus. Okay, so faltava essa...Tive medo da maquina congelar e deixei ela dentro do casaco o tempo todo, era duro tirar foto portanto, da escalada em si, so tirei 6 fotos e fiz um video.

Resolvi alternar as maos e reduzir minha seguranca pra salvar os dedos. Alcei o piolet no punho, e guardei a mao no bolso. Quando ela ficava melhor, eu trocava de mao e isso se repetiu ate o sol sair. Pra melhorar mais ainda a escalada, a neve estava muito fofa nos ultimos 100 metros de desnivel da geleira, e mesmo de crampons, dois passos para frente, um para tras. Isso foi terrivel...gastei muita energia.

Chegamos no cume do Tarija as 07:45h da manha, o sol ja saia o que atrapalhou bem as fotos no cume da montanha, pois eu queria tirar uma foto com o P. Alpamayo ao fundo. Descemos do cume e nos afastamos uns 30 metros para a lateral, e de la conseguimos um angulo legal para as fotos.

Foi ai que eu chamei o meu guia e disse: "Erwin, um montanhista que preze a propria pele deve saber a hora de retornar. Se eu continuar contigo agora tenho certeza, chegaremos juntos ao cume do p alpamayo, mas na volta voce tera que me carregar porque esgotei minhas energias. Por isso, prefiro fotografa-lo e voltar. O que voce acha?"

E ele me respondeu: "Paulo, voce tomou uma atitude de montanhista, confio no seu julgamento, vamos descer."

Foi muito duro pra mim chegar a essa decisao. Quando atingimos o topo da geleira e so um declive de uns 45 a 50 graus com um desnivel de so uns 40 ou 50 metros me separavam do cume do Tarija, eu ja estava acabado. Pensei comigo mesmo "vamos la, mais um pouquinho, so ate o cume do Tarija pelo menos...", e fui.

Quando percebi que nao teria mais forcas pro retorno, o que eu considero a parte mais importante de qualquer investida a montanha, seja ela alta ou nao, comuniquei ao Erwin minha decisao e chorei. Chorei de felicidade por ter conquistado o cume do Tarija, e por estar ali, de frente pro Pequeño Alpamayo, meu desejo de conquista de quase dois anos.

Mas nao fiquei triste nao, pelo contrario, me sinto um baita sortudo por ter "mirado" o pico ali, cara a cara. Infelizmente fui derrotado pela soma de circunstancias com as quais nao contava: Nao ter dormido, nao ter tomado cafe da manha, frio intenso na geleira, quase congelamento das maos, neve fofa demais, a dor intensa causada pelas botas, e sei la mais o que...so faltou diarreia.

O frio foi delicioso, eu adoro o frio, mas foi intenso. Meu reservatorio de agua dentro da mochila, virou um bloco de gelo. Minha barra de chocolate congelou. O sanduiche que o cozinheiro me deu pra comer quando chegassemos ao cume virou uma pedra, tudo isso dentro da mochila. Parece exagero mas nao e...

Foi demais...Intenso, maravilhoso, genial, nao sei ao certo descrever a sensacao que tive quando paramos na frente da geleira as 03:30h da madruga, e enquanto colocavamos o equipamento a geleira "cantava" seus sons essencialmente naturais enquanto o gelo rachava...e esse som ecoava por todo o vale, pois era muito alto!

E isso ai, felizmente eu fui sabio e decidi retornar. Uma conquista no dia era suficiente, e tive forcas pra retornar ao solo no final da geleira, onde paramos por uns 20 minutos e comi a barra de chocolate congelada pra repor as energias pro trekking de retorno ao Acampamento Base.

Nesse mesmo dia outros grupos tentaram o Pequeño Alpamayo e todos desistiram por causa das condicoes do gelo, coberto de neve fofa, e do frio forte no comecinho do inverno...

E isso ai...

Cerro Tarija. Macico do Condoriri.
5.300 msnm
Temperatura no cume sem vento: -5 graus. Temperatura encarada na geleira: -14 graus

27.937 metros concluidos do projeto.


Abracos a todos! Vamos as fotos:


Se olhar com atencao da pra ver a agua congelada dentro do tubo...



Eu no comeco da descida da geleira, lago Titicaca ao fundo



Barra de chocolate congelada.



Pequeño Alpamayo, um sonho perdido!



Erwin e eu buscando posicao boa pra foto de cume no Tarija.



De volta ao AB, exaurido, deitei no chao e dormi. A foto quem tirou foi o cozinheiro!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O dia seguinte: Chacaltaya de novo!

Pois e...

Nao ha muito a ser dito ahahahahah
Fazer o que? Ja agendei com um guia uma escalada pro dia 21, entonces tenho tempo sobrando certo?
Nao quero perder a boa aclimatacao....e ainda tenho alguns amigos aqui agora.....Me pediram pra ser guia agora que ja sei o caminho, pensei: Por que nao?

Por isso fui, de novo, ao cume do Chacaltaya, menos de 24h depois he he he

OBS: Mesma montanha, nao conta pro projeto!

Algumas fotos:


Eu e Asaf no comeco da subida.



Eu de novo na rampa final.



Cume de novo, Huyana lindo ao fundo...



Olha eu ai de novo, Huyana soberano!



Finalmente o Illimani resolveu dar as caras!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Monte Chacaltaya

Ola amigos!

Cheguei na cidade de La Paz ontem, e hoje, aproveitando minha boa aclimatacao, fui direto ao assunto. Cerro Chacaltaya, simbolo turistico da cidade e de facil acesso.
O mesmo taxi que peguei pra sair da rodoviaria ontem e encontrar com dois amigos que fiz em Salta (israelenses - combinamos de escalar aqui) me levou ate a montanha. Quando me deixou no albergue ja haviamos negociado tudo.

Ele me pegou no albergue as 8 da manha e combinamos que o carro me levaria ate 4900 metros de altitude, muito mais abaixo do que normalmente leva os turistas, que e no chale do clube andino de La Paz, a 5.300 metros. Nao teria a minima graca. Como ele e taxista foi melhor, nem discutiu, eu disse que subiria o resto sozinho a pe.

Como nao tinha nada pra fazer, e talvez no intuito de minimizar o meu pobre esforco montanhista, ele me acompanhou ate o chale do clube ahahahahah pode isso? Tudo bem, o que posso fazer? Ele e nativo, acostumado com a altitude. Mas mesmo assim, nem pensou em ir ate o cume.

Depois de uma hora de caminhada cheguamos ao clube, bastante neve na montanha! Mas, nenhum gelo que costumava ser como o amor, eterno. Afirmo apos constatacao empirica que de fato a geleira da montanha se foi toda. E ironico pois o degelo formou lagunas mais abaixo absolutamente lindas, azuis, como jacuzzis naturais!

Bem, apesar de nunca achar que meu preparo fisico fosse bom pra alta montanha, nao posso reclamar. Apos 3 cumes acima de 5500 metros (sendo um seis mil) ainda chego na cidade e de cara mais um.

Tudo bem, e uma montanha turistica, facilima, mas, e uma alta montanha, merece respeito nao so por isso, mas pelo proprio fato de ser uma montanha, e muito bonita nevada, linda!

Apos o clube andino, so 20 minutos e mais 95 metros de desnivel me separaram do cume...e foram espantosamente faceis. Ali, a 5.395 msnm, a vista deveria ser totalmente linda, nao estava completamente linda porque uma nevasca se aproximava, por isso o tempo nao estava muito bom e as fotos comprovam isso, mas, o pouco que abriu, ja rendeu fotos que eu considero lindas!

De cara ainda conheci um brasileiro, Bruno Matoso, que nunca havia subido montanha antes. Mas, apesar de ter sido novidade pra mim conhece-lo, nao foi novidade para ele me conhecer, pois e membro da comunidade "Mochileiros na America do Sul" no orkut, onde sou moderador e deixo muitas dicas pro pessoal. Portanto, ele ja me conhecia!

Aporoveito para deixar um grande abraco pro cara, apesar de cansado e um pouco assustado pelo primeiro contato com alta montanha e ainda em meio a uma nevasca, ele conseguiu! Alem disso, foi meu fotografo oficial. Por isso, Bruno, grande abraco e obrigado pelas fotos! Ficaram otimas cara!

Alias, no retorno, estavamos como criancas! Pegamos uma nevasca, uma bela nevasca diga-se de passagem! Estava relativamente fraco o frio, somente -1 grau, mas, teve todo um gostinho especial!

Enfim, prometi em um breve comentario em uma materia recente no alta montanha que iria tirar hoje fotos para que fossem publicadas no site, e cumpri. Abaixo algumas fotos que comprovam que a geleira, de fato, ja era. So ha neve.

Por ser alta montanha, merece respeito e contagem no projeto.

Cerro Chacaltaya. Antiga pista de ski mais alta do mundo.
40 km de La Paz
5.395 msnm
Temperatura no cume sem vento: -1 grau (completamente sem vento)

22.637 metros concluidos do projeto!


Abracos a todos! Vamos as fotos:



Ja depois da estrada caminhando na neve.



A chegada ao club andino de La Paz, Cerro Chacaltaya.



O Cerro Chacaltaya com bastante neve ate...



A caminho do cume, o clube ficou para traz.



La cumbre! Bela vista...pena que tinha muita nuvem...



Outra do cume.

domingo, 12 de abril de 2009

Felicitaciones!

Data memoravel, 11 de abril de 2009.

Consegui parceiro pra dividir o custo do guia pra um novo ataque, o vulcao Sairecabur, com seus 6.046 msnm, bem atras do Licancabur.
O parceiro era um Holandes chamado Jan de 65 anos de idade, que escala nos alpes ha cerca de 15 anos. Mesmo tendo bastante experiencia, seria uma novidade pra ele estar acima de 4.800 metros, felizmente pra mim nao. Mas esse se tornaria meu primeiro seis mil!

Para minha surpresa, na ultima hora apareceu um brasileiro querendo subir a montanha no final do dia anterior, eu nao sabia e so fiquei sabendo na hora que o guia me pegou de carro no albergue.
Saimos de carro as 07:00h e chegamos ao ponto de inicio da caminhada, a 4.900 msnm exatamente as oito. Comecamos a caminhar lentamente...

Jan era engenheiro e acabou de se aposentar, por isso aproveita o tempo viajando.
O Santos (Mala) e medico de Santa Catarina de 32 anos de idade, medico de emergencia exercendo ha alguns anos ja a profissao.

Sem muitos problemas, subindo pela estrada mesmo, chegamos a uma dependencia norte americana de imagem de satelite e observacao astronomica, a 5.500 msnm. Estava um frio bom de -3 graus celcius, bebemos mais um cha de coca, descanso de cinco minutos e montanha acima...

A subida inicial e muito ingrime, cerca de 45 graus sem medo de errar, e tinha muita neve. Em alguns pontos a neve chegava aos joelhos e isso dificultou muito nosso trabalho...

O mala nunca escalou na vida, estava muito acima do peso e como esperavamos, a 5.800 metros ele disse "vou descer". Eu ja estava preocupado com ele ha bastante tempo porque ele demonstrava desde cedo estar sendo derrotado pelo frio e pela altitude, entao perguntei "quer que eu te leve ate o carro?", ele disse que nao. Perguntei novamente se ele tinha certeza e ele confirmou. Entao virou as costas e desceu, e eu continuei minha investida.

Nesse ponto cruzamos com outro grupo meio que perdido de 5 pessoas, dois chilenos (pai de 52 anos e filho de 16) e tres argentinos de 32 e 40 anos de idade, nao me lembro os nomes nem a idade do ultimo.
Eles nao contrataram nenhum guia, so uma carona ate o pe da montanha. Estavam sem saber o rumo que tomar pro cume verdadeiro e muito expostos ao frio por estarem praticamente parados...

Por isso que eu sempre digo, eu nao tenho GPS, nao conheco a montanha, nao acho que deixa de ser montanhismo contratar um guia que conheca o local. Isso se chama prudencia, e assim nao coloco minha vida em risco nem a dos outros.

Assim sendo, nos tornamos um grupo maior de 8 pessoas a tentar o cume do vulcao. Seguimos em frente, quero dizer, acima!

Nossa, que subida dificil, muito mesmo. O guia (Felipe) disse que o Sairecabur e muito mais exigente em preparo fisico e psicologico do que a maioria das outras montanhas do atacama, ate mesmo do que o Lullailaco (mais de 6700m) porque ele tem uma trilha que leva ate o cume sem esforco (o guia ja foi nele 4 vezes, e fez o cume 2 vezes), basta uma boa aclimatacao de uns 4 dias. O Sairecabur nao tem trilha, sao muitas rochas vulcanicas grandes o suficiente pra esmagar um ser humano como papel se descer montanha abaixo. E o frio, nossa...que montanha fria! Na reta final pro cume a inclinacao chega a uns 55 graus so de rochas, sem neve...menos arriscado de escorregar...Toco? Moleza...Lascar que eu disse que tinha os ultimos 92 metros dificeis? Fichinha perto do Sairecabur...

Foi uma provacao, usei toda minha concentracao, todo meu raciocinio, todo o meu preparo nos dias anteriores e pude contar com a minha boa aclimatacao, pois do jeito que eu estava exigindo do meu proprio corpo, uma dorzinha de cabeca qualquer e eu acho que retornaria. Foi absurdo...mais de 1.100 metros de desnivel em 6 horas.

Enfim, apos toda essa provacao, esforco extremo e encarando o frio de -6 graus na subida final, cume!!! Muitas Felicitaciones, e nada pude fazer alem de sentar e chorar, e as lagrimas nem tiveram muito tempo de descer molhando meu rosto, congelaram em alguns segundos. Fiquei sensacionalmente emocionado e agradecido para com meu corpo por nao ter me deixado na mao. Pensei em muitas coisas, na minha mae, na Lili, na incrivel conquista que acabara de fazer. Digo que e incrivel porque minha experiencia de montanhista e curta, apenas 2 anos e 2 meses, com metade disso de pratica efetiva, e mesmo sem treinamento (fora e claro subir e descer pro meu trabalho de escadas, eu trabalho no 12 andar) consegui. Foi sensacional...

O guia, Felipe, me abracou muito feliz e me disse "Cara, achei que voce nao iria conseguir, mas voce me surpreendeu!", depois completou, "3 montanhas: 2 com mais de 5500 metros e 1 com mais de 6000 em apenas seis dias, nunca vi um brasileiro fazer isso!"

Foi engracado, acho que ele estava tao feliz quanto eu! Uns dez minutos depois chegou o grupo de 5 amigos que nos seguia ate o cume, mais felicitaciones, todos completamente exauridos mas muito felizes! Foi muito legal, tiramos varias fotos todos juntos...

Mas nao acaba por ai, isso foi so 50% do trabalho! Tinhamos muito a fazer na descida e a temperatura comecava a cair, ameava de nevasca....viramos as costas e tomamos nosso rumo.

Apos 100 metros de descida eu estava muito cansado, exausto, mas respondendo bem...e minhas pernas tambem respondiam ao meu comando, mas em camera lenta...Jan sofreu uma queda de costas, mas por sorte nao sofreu nada alem de alguns hematomas.

Felipe ficou muito preocupado porque a temperatura estava caindo rapidamente...o frio era demais e estavamos todos congelando. Quando ele disse isso e parei pra pensar e percebi que nao sentia meu nariz e as pontas dos dedos das maos. PERIGO!

Meus dedos e meu nariz estavam literalmente congelando, pois eu usava so um dos meus 3 pares de luvas (de x-thermo) e nao tinha nenhuma protecao no rosto. Quando peguei a ponta do meu nariz, ele estava duro! Pensei "Ja era, vou perder meu nariz e vou ganhar apelido de pigboy". Imediatamente parei o grupo de 5 amigos e perguntei se alguem tinha uma balaclava porque deixei a minha no albergue. Por sorte um deles tinha e me emprestou, coloquei e voltei a descer, parando pra massagear meu nariz de dois em dois minutos, torcendo do fundo do coracao pra que a circulacao retornasse...

Tambem coloquei, na mesma hora, meu segundo par de luvas, mais grossas, pra aquecer mais as maos. Nessa hora, quando olhei pro relogio que estava pendurado na mochila, a temperatura efetiva era de -12 graus celcius. he he he

Uma enorme nuvem veio e escondeu o sol, mais problemas....Sol encoberto e nuvens...a sensacao termica deveria ser nessa hora de uns -20 graus celcius...Felipe, o guia, gritava "vamos mais depressa ou vamos congelar na montanha!!!" e apertamos o passo...

Quando descemos toda a escalaminhada ate algo em torno de 5.700 metros, chegamos ao ponto onde eu disse que havia neve ate os joelhos, perfeito para uma descida rapida de "esquibunda". Foi o que fizemos! Esquibunda montanha abaixo, usando meu bastao como freio as vezes.

Assim, em apenas cinco minutos descemos 150 metros de desnivel. Mas um pouco e logo estavamos na estrada novamente. Mas nao acabara, precisavamos chegar ate o carro...rs

Estrada na frente, ventos congelantes, la fomos nos...No meio do caminho olhamos para tras e percebemos que os cinco amigos nao fizeram o esquibunda, talvez por medo, e estavam descendo a montanha muito lentamente...Ficamos preocupados...apressamos o passo e chegamos ate o carro, entramos, nos aquecemos e em cinco minutos estavamos subindo a estrada de carro para o que poderia, possivelmente, se transformar em um resgate.

Felizmente, quando chegamos la em cima na cratera do vulcao onde fica o maquinario norte americano, pudemos ve-los chegando a estrada. Todos com muito frio, tremendo, mas felizes. Que alivio...

Viemos embora. O Mala tinha fortes dores de cabeca pois nunca havia enfrentado altitude, por isso ficava calado o tempo todo. Eu, o guia e Jan so riamos e faziamos piada, felizes com a conquista e retorno em seguranca.

Felizmente meu nariz se recuperou, e nenhuma complicacao aparente! Fomos todos juntos a um restaurante, onde um dos chilenos (o pai, de 52 anos que se chama Luis) nos pagou um jantar comemorativo. Comi sopa de mariscos e conchas. Maravilhosa e foi boa para repor alguma energia!

Nos despedimos e eu voltei pro albergue, cansado mas realizado. Hoje ja estou como novo, mas nao faco mais investidas em San Pedro. Meu sonho do Licancabur fica pra proxima visita a cidade, talvez com meu parceiro Edson. Infelizmente nao consegui ninguem pra dividir o custo do guia, e ontem exigi demais de mim mesmo pra fazer a investida do vulcao. Sonho adiado...Mas, tive a chance de fotografa-lo bem ao lado, mais de 100 metros mais alto do que ele he he he

Deixo a cidade no dia 13 para Arica, cidade que ja conheco. De la pego outro onibus para La Paz, onde um amigo que fiz em Salta (um israelense) me espera para escalarmos junto outras montanhas!


Vulcão Sairecabur, extinto.
100 km de San Pedro de Atacama
6.046 msnm
Temperatura no cume sem vento: -6 graus, Descida, temperatura real: -12 graus celcius, com vento na descida: cerca de -20 graus Celsius de sensacao termica, talvez mais frio, nao sei.

17.242 metros concluidos do projeto, felicidade pura!

Algumas fotos!


A chegada a cratera do vulcao e as instalacoes norte-americanas



Acabou a moleza de estrada, montanha acima.



Quando alcancamos o grupo que subia sem guia.




Aqui tinha ate pouca neve se comparado com outros pontos...



Felipe e eu, descanso final antes do ataque ao cume que se ve ao fundo. Estavamos a 5.950m.



Finalmente, cume! O relogio marcou 6.055 mas o correto e 6.046 msnm.



Eu e Jan no cume. Atras de mim Juriques (5.704m) e atras dele o Licancabur (5.916m).



Todos nos no cume, foto tirada pelo Felipe, Felicidade geral!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

É de Lascar!

A aventura continua.

Apos obter sucesso na minha primeira investida das ferias, mandei ver uma nova investida apenas 30 horas apos a primeira. So tive um dia de descanso e hoje de manha deixei o albergue as 04:00h.

A investida de hoje foi o vulcao Lascar, o mais ativo ao norte do Chile, com 5.592 msnm.

Novamente combinei com o guia que comecariamos a subida um pouco mais abaixo. Hoje comecamos a 4.400 metros de altitude, logo apos a laguna Lejia, que estava parcialmente congelada. Fazia -4 graus quando chegamos la e bebemos um cha de coca antes de subir...

Comecamos a subida sem nenhum problema. Dessa vez somente eu e o guia. Lentamente avancamos ganhando altitude pela parede sul do vulcao, a mais fria.

Uma hora e meia apenas apos o inicio da subida estavamos a 4.975 metros, e apesar de andarmos bem lentamente, avancamos bem porque a inclinacao e de cerca de 35 a 40 graus. Rochas vulcanicas soltas...isso significa dois passos para frente, um para tras. Putz...

Mas a minha determinacao esta muito boa, e nao vacilei a nenhum momento. Nao ha muito a dizer...apos 4 horas chegamos a cratera do vulcao, que fica a 5.500 metros de altitude. Um absurdo...Lindo demais, um cheiro de enxofre fortissimo, muitas fumarolas, e o guia me explicou que a paisagem da cratera modifica toda semana, pois ele esta bastante ativo e uma erupcao pode ocorrer a qualquer momento. Nao pude ver magma, mas vi o inferno la! E sensacional, uma cratera que nem e das grandes, mas tem 500 metros de largura e 400 de profundidade. Sem palavras.

Ai comecou a dificuldade. Subimos o tempo todo com temperatura negativa pois o tempo estava nublado, incrivel! No Atacama sao mais de 320 dias de puro sol por ano, e hoje estava completamente fechado o tempo, nem era possivel ver o vizinho, o vulcao Aguas Calientes (AKA: Simba) e seus lindos 5.924 metros! Nem era possivel ver o Chiliques com seus imponentes 5.778 metros, logo atras da laguna.

Por alguns momentos, uma leve neve caiu. Porem os flocos eram tao pequenos que nao foi possivel fotografar tampouco filmar, mas isso me deu uma energia extra! he he he

Enfim, a parte final e o problema. A inclinacao aumenta e o ar contaminado com gases toxicos piora a situacao. Nao sao toxicos de imediato, mas a longo prazo nao sei nao hein...podem causar serios problemas respiratorios ou ate mesmo morte.

O lance e que o oxigenio ja e pouquissimo, e alem disso fiquei inalando vapor do inferno apos os 5.300 metros. A respiracao piorou consideravelmente.

O Christian (guia) me perguntou se eu estava bem para ir ate o cume, e claro que eu disse que sim, e estava mesmo! Fomos...

Esses ultimos 92 metros foram os piores de minha vida. Fora de serie. Tinha que fazer uma forca tremenda pra me manter de pe frente aos ventos de (sem exagero) uns 50 km/h. Isso fez com que a sensacao termica piorasse mais ainda as coisas. O enxofre, fumarolas, inclinacao...faltava o que? Nada!

Cheguei. O cume e exposto demais, o vento aumentou mais ainda, a temperatura no cume era de -4 graus, mas a sensacao termica de no minimo -15 graus. MUITO FRIO. Okay, nao para por ai. E normal no atacama termos uma secrecao constante das narinas porque o ar aqui e tao seco, que provoca irritacoes respiratorias incriveis. Eu tinha uma linha de muco descendo, quando cheguei ao cume ela congelou em um minuto e me queimou a "zona bigodal". Pra melhorar as coisas, meus labios tambem foram queimados pelo frio. Quase que instantaneamente. Putz...rs

Mas tudo bem, isso e so um problema de junta.

Cume conquistado em pouco menos de 5 horas, desnivel total de 1192 metros aproximadamente.

Vulcao Lascar, mais ativo do norte do Chile
132 km de San Pedro de Atacama
5.592 msnm
Temperatura no cume sem vento: -4 graus, Com vento: cerca de -15 graus celcius.

11.196 metros concluidos! Todas as minhas conquistas sao dedicadas a minha mae (in memoriam).

Abracos a todos!



Algumas fotos...


Apos uma hora e meia de subida...



Um dos poucos momentos (durante a subida) que o ceu abriu um pouco. Logo ao lado do meu ombro, nota-se o cume do vulcao Chiliques, ao centro da foto, laguna Lejia



Eu na frente da cratera. 5.500 metros.



A cratera.



O cume. Precisei abrir as pernas pra nao sair voando. 5.592 msnm. Ao fundo (o tempo limpou nessa hora) e possivel ver o cume do Vulcao Aguas Calientes.



Bom exemplo dos efeitos da altitude e ma oxigenacao, mao muito inchada.



Esse e meu guia descendo a minha frente, ao lado da cratera.




Na volta, o marco do Tropico de Capricornio a 4.000 msnm.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Aclimatando e escalando.

Pois e amigos...

Nesse momento escrevo com grande alegria na mente!
Como disse no post anterior, cheguei em San Pedro ontem. Combinei com o guia de subirmos uma montanha hoje, apenas 14 horas apos minha chegada.

Nesse meio tempo, comi feito louco, bebi uns bons 5 litros de agua pra ajudar na aclimatacao, e fomos...

Eu sei, alguns vao ler esse post e falar "ta doido cara?", mas me senti apto a ir, entao fui! Fiquei atento a todos os sinais que meu corpo me dava, e respeitei seus desejos ate o final, ele me deixou continuar por isso continuei...rs

Agora sim revelo o primeiro objetivo, Cerro Toco.

Essa montanha e uma das mais faceis aqui nos arredores de San Pedro. Mas vejam bem, facil no sentido meio que figurado da palavra, pois como toda alta montanha, o oxigenio oferecido a mais de 5000 metros de altitude e uma piada para os padroes de nossas unidades de carbono.

Mesmo assim fui.

Quando o guia me pegou cedo disse que iriamos de carro ate 5000 metros e dali se iniciaria a subida. Eu disse "no way man!". Nao teria graca nenhuma subir a pequena diferenca. Entao o convenci a iniciarmos a subida a 4600 metros de altitude, o que ele concordou meio relutante.

Apesar de ter levado apenas 4 horas de subida, nao foi facil. Faziamos paradas de cerca de dez minutos para observar como eu estava indo pois qualquer indicativo serio apresentado por meu corpo, eu iria abdicar da subida.

Conosco tambem vieram mais 3 pessoas, assim fica facil de pagar o guia e o transporte. Um casal de noruegueses (Knut e Bridget) e um espanhol chamado Nicolas.

Subimos em um passo absolutamente de tartaruga para que nao recebessemos nenhum sinal do corpo pedindo nivel do mar...

Cerro Toco e um extratovulcao de 5.604 msnm. Porem, a cratera dele fica consideravelmente mais abaixo, algo como 5.200 metros de altitude. Inclusive, serve de extracao de enxofre pelos nativos para industria de rodas de carros.

A subida foi facil, mas a respiracao de fato era uma porcaria...Primeiro pela altitude (foi maravilhoso respirar ar rarefeito apos 2 anos sem essa estranha porem deliciosa experiencia), segundo pela falta de umidade no ar, o que dificulta mais ainda a investida.

Enfim, sem muitos rodeios, consegui! Por isso estou radiante, meu primeiro cinco mil, e subi com certa facilidade. Lembro, o fato de ter encarado somente pouco mais de 1000 metros de desnivel, a altitude e a questao. Nao e nada facil, mas foi uma maravilha chegar ao cume e observar varios outros vulcoes, alem do proprio Licancabur mais a frente e o Juriques, ambos lindos e nevados, o que e particularmente dificil de se ver nesta epoca do ano, e e claro pela propria natureza do local: deserto!

Ja sei, quem ler este texto (nao tenho muitos leitores mesmo rsrs) deve estar tentando imaginar "poxa, mas sera que ele nao sentiu nada???". Claro que sim, mas so quando cheguei ao cume. Leve dor de cabeca...nenhuma tontura, nenhum vomito, nenhum "blackout". A dor de cabeca ainda persiste um pouco, mas e pelo desnivel absurdo de mais de 3000 metros em algumas horas, mas estou bem!

Tiro o resto do dia para descansar, beber muita agua, comer bem. Amanha o mesmo. Talvez depois de amanha ocorrera nova investida. So vou esperar para ver como meu corpo reage.

Por enquanto, 5604 metros cumpridos do projeto! Estou muito feliz!

Cerro Toco: Chile, logo atras do Licancabur e do Juriques
Altitude do cume: 5.604 msnm
Temperatura experimentada: No cume sem vento: 0 graus celcius, Com vento sensacao termica em torno de -5 graus celcius.

Algumas fotos...


Apos cerca de uma hora de subida. No comeco nem tirei fotos porque nem neve tinha...



Mais adiante na subida...passos de tartaruga apos romper a barreira dos 5000 metros.



Me aproximando da montanha. Cerro Toco ao fundo porem esse nao e o cume, so aparece depois.



Para o alto, e avante!



Dando a volta por tras daquela elevacao pre cume.



Finalmente, o cume!




Foto de marca registrada "Parofes" kkkk! A frente se ve o Licancabur (esquerda) e Juriques (direita)

domingo, 5 de abril de 2009

Fome, sede e sono: Mas com todo gas!

Enfim, cheguei a San Pedro de Atacama. Cidade que adorei da primeira vez que visitei, por isso nao exitei em voltar!

Como fiquei 3 dias em Salta fazendo absolutamente nada alem de comer empanadas (maravilha argentina), jogar toto (ou pimbolim pros paulistas), e bater papos internacionais, resolvi tirar o ferrugem.

Na cidade existe uma montanha turistica, o Cerro San bernardo, com apenas 1.454 msnm, desnivel de pouco mais de 250 metros levando em consideracao que a cidade de Salta esta a 1.185 msnm. Resolvi subir a montanha, nao utilizando o teleferico que cobrava a turistas o valor carissimo de 20 pesos, mas andando. Mais especificamente subindo as escadas. Melhor ainda, com todos os meus 29kg de mochila.

Deixei o albergue Exxes (30 pesos a diaria incluindo cafe da manha, ping pong, toto ou pimbolin, cozinha, bate papo de primeira, intercamio cultural massivo) na manha de ontem com a intencao de perambular pela cidade e bivacar na rodoviaria para pegar meu onibus cedo pra ca (San Pedro - 11 horas de viagem pela Rota 40). Foi o que fiz. Sai do albergue as 09:30h de la mañana e comecei a andar pela cidade. Comi Choripan (sanduiche de linguica chourico com pao, delicia!) e resolvi subir o Cerro, e meu companheiro Gerardo concordou. Fomos.
Sao 1.070 degraus ate o topo, facil facil, nem cansei mesmo carregando meus 29kg, deu pra suar um pouco e aquecer os musculos que ja estavam sedentos por atividade.

Batemos muitas fotos, inclusive das lindas Nephilas Clavips que estao por todo lado na montanha, me senti em Serra Negra - SP (onde elas tbm sao muito comuns).

Depois disso foi uma longa espera de 16 horas ate o onibus sair hoje as 07:30h. Longa mesmo...Nao dormi planejando dormir no onibus.

Obviamente isso nao aconteceu rsrsrs...Fiquei maravilhado pela altitude da rota 40 (chegando ao maximo de 4.755 msnm (marcacao do meu relogio) pouco antes do Paso de Jama (que fica a 4.200 msnm) e e claro, nao preguei os olhos nem um minuto a mais do que umas resumidas 2 horas.

Enfim, antes mesmo de procurar um albergue, encontrei o guia com quem troquei e-mail. Ele ja arrumou o 4x4 para me levar e me trazer da base de minhas intencoes (he he he) e ja acertamos os precos. Possivelmente (depende de meu descanso), ainda amanha mesmo ja faco uma investida de aproximadamente 10 horas de escalada para o cume e descer. Nao devera ser o Licancabur, outra montanha menos pesada para aclimatar.

Em falar nisso, no meu onibus 3 pessoas passaram muito mal devido a forte mudanca de altitude em pouquissimo tempo (em apenas 6 horas saimos de Salta a 1.185 msnm e chegamos ao ponto maximo de 4.755 msnm), eu, como nas vezes anteriores, nem dor de cabeca tive.

Algumas fotos para que observem minha sorte.....Apesar de nao ser inverno, o ar ser absurdamente seco por estar no deserto, a maioria das montanhas nos arredores de San Pedro esta nevada! O Licancabur esta terrivelmente lindo...babei ao ve-lo chegando de onibus...

Ai vai:


O Juriques (5.704 msnm) nevado.



O Licancabur (5.916 msnm) nevado!



Altitude maxima marcada pelo meu relogio na rota 40.




A lindissima Nephila Clavips e suas teias douradas. Tinha cerca de 10 centimetros.




Foto de turista no cume do Cerro San Bernardo de Salta.




O comeco da subida. Eu e meus 29kg.



Carimbando o passaporte na aduana argentina na rota 40 a 4.090 msnm.



De bobeira com minhas 3 mochilas no albergue. (depois a marron npequena entrou na nova que esta com o capacete!)



Eu e Gerardo na frente da Exxes de bobeira...rs